Pelo menos 62 imigrantes morrem em naufrágio na Itália
Há temores de que o número de mortos ultrapasse as 100 pessoas, incluindo crianças; maioria dos passageiros fugia de países como Paquistão e Afeganistão
Operações de resgate na na Itália recuperaram os corpos de pelo menos 62 imigrantes mortos após um naufrágio na véspera, cujos cerca de 200 passageiros fugiam de países como Afeganistão, Paquistão, Somália e Irã. Há temores, no entanto, de que o número de mortos ultrapasse uma centena.
O barco afundou no domingo 27, após o mar agitado fazer com que atingisse rochas na costa da região da Calábria, no sul do país. Os corpos foram recuperados de uma praia turística em Steccato di Cutro, onde há um resort à beira-mar. Havia 12 crianças entre as vítimas, incluindo um bebê.
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A guarda costeira disse que 80 pessoas foram encontradas vivas, “incluindo algumas que conseguiram chegar à costa após o naufrágio”, o que significa que muitos mais ainda não foram contabilizados.
O primeiro-ministro italiano, Shehbaz Sharif, disse que mais de vinte paquistaneses estavam entre os mortos, chamando a situação de “profundamente preocupante”. Ele instruiu os diplomatas do Paquistão a “verificar fatos o mais cedo possível”.
A organização não governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF), está ajudando as pessoas no local.
“Temos casos de crianças que se tornaram órfãs, como um garoto afegão de 12 anos que perdeu toda a sua família, uma família de nove pessoas, incluindo quatro irmãos, pais e outros parentes íntimos”, disse Sergio di Dato, funcionário da caridade.
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Em discurso no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra nesta segunda-feira, o secretário-geral António Guterres pediu que países fizessem mais para ajudar refugiados e imigrantes, como criar rotas de viagem mais seguras e fortalecer operações de resgate.
“Ontem [domingo], mais um naufrágio horrível do Mediterrâneo tomou a vida de dezenas de pessoas que buscam um futuro melhor para si e para seus filhos. Os direitos de refugiados e imigrantes são direitos humanos. Eles devem ser respeitados sem discriminação”, disse.
Guterres acrescentou que, enquanto gangues criminosas controlam rotas de imigração, pessoas continuariam morrendo.
“Precisamos de rotas legais seguras e ordenadas para migrantes e refugiados. E devemos fazer todo o possível para impedir a perda de vidas, fornecendo busca e resgate e assistência médica como um imperativo humanitário e como uma obrigação moral e legal”, afirmou.
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Um sobrevivente foi preso por acusações de tráfico de imigrantes, disse a polícia aduaneira.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni – eleita no ano passado, em parte, com a promessa de conter o fluxo de imigrantes para o país – expressou “profunda tristeza” e culpou os traficantes pelas mortes.
“É desumano trocar a vida de homens, mulheres e crianças pelo preço do ‘bilhete’ que pagaram na falsa perspectiva de uma jornada segura”, disse ela em comunicado.
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“O governo está comprometido em impedir as viagens e, com isso, o desenrolar dessas tragédias. Continuaremos a fazê -lo”, acrescentou.
O governo de direita de Meloni prometeu impedir a chegada de imigrantes às costas da Itália e, nos últimos dias, aprovaram uma nova lei que aperta ainda mais as regras sobre resgates.
Segundo grupos de monitoramento, mais de 20 mil pessoas morreram ou desapareceram no mar no Mediterrâneo central desde 2014.