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Perfis russos provocam discórdia sobre porte de armas nos EUA

Rússia tem polarizado ainda mais o debate americano sobre o tema; ação começou minutos após tiroteio em escola da Flórida

Por Carolina Marins 27 fev 2018, 21h53

Cerca de uma hora após a ocorrência de um tiroteio na Marjory Stoneman High School, um escola da Flórida, nos Estados Unidos, diversas contas de Twitter associadas à Rússia lançaram posts sobre o controle de armas no país, causando um acirramento no já intenso debate americano sobre o assunto. Esse exército de perfis falsos é acusado de provocar discórdia sobre assuntos sensíveis entre os usuários americanos.

Utilizando hashtags como #guncontrolnow (Controle de armas já) e #Parklandshooting (Tiroteio em Parkland), as contas fizeram com que defensores do controle de armas e defensores da Segunda Emenda (que permite aos americanos civis o porte de arma) travassem discussões acaloradas nas redes sociais. O rastreio dessas contas foi feito pelo Alliance for Securing Democracy, que não especificou quais eram os perfis em questão. No entanto, muitas das contas já estavam sendo investigadas no caso de interferência russa nas eleições americanas.

Segundo o jornal americano The New York Times, o objetivo desses perfis falsos é tornar o diálogo e as negociações sobre assuntos polêmicos ainda mais difíceis, fragilizando as instituições democráticas do país. O tiroteio na Flórida, em que 17 estudantes morreram, não foi o primeiro caso e os ataques não se restringem ao Twitter. O exército de “trolls” russos tem inflamado debates através de outras redes, como o Youtube e o Facebook.

Durante as eleições americanas, diversos perfis ligados à Rússia repercutiram histórias falsas sobre a candidata Hillary Clinton, amplificando a polêmica envolvendo o servidor particular de e-mails que a ex-primeira dama e ex-secretária de Estado mantinha. A ação mais recente havia sido no período em que o Partido Republicano divulgou um memorando acusando o FBI de espionar a campanha de Trump.

Muitos pesquisadores já monitoram as falsas contas e, por isso, foram capazes de detectar a atividade logo quando as notícias sobre o tiroteio saíram nas redes sociais. Entre as polêmicas lançadas pelos perfis, está a de que o atirador da Flórida, Nikolas Cruz, possuía uma doença mental e de que ele havia pesquisado frases em árabe no Google antes de cometer o crime.

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“Tivemos mais de um ano para atuarmos juntos e abordarmos a ameaça representada pela Rússia, implementando uma estratégia para deter futuros ataques, mas acredito que, infelizmente, ainda não temos um plano abrangente”, afirmou o senador Mark Warner durante uma audiência sobre ameaças globais para os Estados Unidos. “O que estamos vendo é uma abordagem contínua da Rússia para atingir e minar nossas instituições democráticas, e isso deve perdurar”.

Os perfis possuem um padrão de atuação que monitora as redes sociais em relação a assuntos polêmicos, tais como o porte de armas e a questão racial nos Estados Unidos. Quando há um debate, os “trolls” incitam os dois lados das discussões e lançam dúvidas em instituições como a polícia e a imprensa.

Nos últimos meses, empresas como Google, Facebook e Twitter vêm anunciando ações para barrar as chamadas “Fake News” e os perfis falsos, inclusive proibindo diversos sites controlados por essas contas de pagarem por anúncios em seus serviços. A influência russa no debate interno dos Estados Unidos e de outros países como Reino Unido, França, Alemanha e até Argentina continua proeminente, apesar de já ter sido identificada.

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