O vice-presidente do Peru, Martín Vizcarra, declarou neste sábado que a construtora Odebrecht não pode continuar no país, após por ter pago propina a funcionários do governo para vencer licitações milionárias.
“A Odebrecht, uma empresa que claramente cometeu atos de corrupção, não pode continuar trabalhando no Peru, e assim está estabelecido nas normas”, afirmou Vizcarra à emissora “RPP Noticias”.
Vizcarra defendeu o decreto legislativo 1352, promulgado pelo governo em janeiro, que proíbe o Estado peruano de contratar empresas cujos membros tenham sido condenados por crimes de corrupção como suborno, lavagem de dinheiro, mineração ilegal, crime organizado e terrorismo.
“Empresa corrupta não pode trabalhar com o Estado. Temos de dar exemplo de uma atitude franca e sincera de luta contra a corrupção para recuperar a confiança do cidadão no Estado e no governo”, acrescentou.
O vice-presidente defendeu o cumprimento da lei depois que a ministra de Justiça e Direitos Humanos, María Soledad Pérez Tello, anunciou na quarta-feira a demissão da presidente do Conselho de Defesa Jurídica do Estado (CDJE), Julia Príncipe, e da procuradora para a Operação Lava Jato, Katherine Ampuero.
Segundo Pérez Tello, Ampuero supostamente apresentou um recurso aceito pelo Poder Judiciário que impede a Odebrecht de vender sua participação no Projeto Irrigação Olmos e pagar com esse dinheiro uma indenização civil ao Estado pelas propinas pagas no país.
O Projeto Irrigação Olmos, idealizado há cerca de 90 anos pelo engenheiro britânico Charles Sutton, consiste no transvasamento das águas do rio Huancabamba com um túnel de 20 quilômetros sob os Andes para regar 43.500 hectares de cultivos semeados em pleno deserto da região de Lambayeque, no norte.
A construção do túnel foi concedida à Odebrecht em 2004 pelo governo de Alejandro Toledo através do governo regional de Lambayeque.
O caso Odebrecht no Peru se baseia em identificar o rastro dos US$ 29 milhões que a construtora admitiu à Justiça americana ter pago a funcionários peruanos entre 2005 e 2014.
Esse periodo contempla os mandatos presidenciais de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
Com EFE