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Pesquisas de boca de urna trazem resultados variados para eleição na Venezuela

Levantamentos que já começam a circular nas redes sociais pintam cenários diferentes de acordo com a ligação dos institutos ao regime de Maduro ou à oposição

Por Amanda Péchy
Atualizado em 28 jul 2024, 18h57 - Publicado em 28 jul 2024, 16h41

Nas últimas horas, diversas pesquisas de boca de urna sobre as eleições na Venezuela neste domingo, 28, começaram a se espalhar nas redes sociais. A votação, que começou às 6h00 (7h00 em Brasília) e vai até às 18h00 do horário local, pode tirar o atual líder Nicolás Maduro do poder, dando fim a 25 anos de ditadura chavista.

Cerca de 21 milhões de eleitores irão às urnas neste domingo para decidir isso. O ex-embaixador Edmundo González Urrutia, representante da principal coalizão de oposição, é o grande favorito. O diplomata de 74 anos foi alçado a presidenciável depois que o regime declarou a inelegibilidade de María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, por supostas irregularidades administrativas, nunca comprovadas. Ambos são ligados à Plataforma Unitária Democrática, uma coalizão de onze partidos de centro e centro-direita que desafia o regime.

+ Ditadura de Maduro enfrenta ‘hora da verdade’ em eleição neste domingo

Diametralmente opostos

Longe de oferecer um panorama claro, as pesquisas de boca de urna mostram resultados inversos, a depender das ligações que os seus respectivos institutos, ou autores, têm com o governo ou com a oposição.

A agência Hinterlaces informou que, até às 12h, 61,5% dos eleitores haviam votado e que Maduro vencia por quase 12 pontos percentuais o adversário González – 54,6% contra 42,8%. O instituto Meganalisis, por sua vez, questionou o levantamento do que descreveu como uma “empresa do oficialismo” e garantiu que a Hinterlaces “manipular a realidade”.

+ Rival cresce nas pesquisas e Maduro acirra o cerco à oposição na Venezuela

Em seguida, o instituto revelou dados que pintam um cenário totalmente diferente: segundo o Meganalisis, às 11h, 41% dos eleitores haviam votado e González vencia Maduro por mais de 50 pontos percentuais – 65,3% contra 13,1%. Outra pesquisa, da empresa Edison Research, deu 64% dos votos ao candidato da oposição e 31% a Maduro, com base em entrevistas com 5.464 eleitores em 100 centros de votação.

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Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, órgão controlado pelo chavismo, atacou essas sondagens. “Nenhuma pesquisa de boca de urna é verdadeira, elas dizem o que a pessoa que paga por elas quer ouvir”, disparou.

Antes do início do pleito, a grande maioria das pesquisas dava vantagem ampla ao candidato da oposição sobre Maduro. Pesquisa divulgada pelo Instituto Delphos, na última terça-feira 23, indicou que a coalizão de onze partidos que desafia o regime está 35 pontos à frente, com 60% das intenções de votos. A participação, enquanto isso, deve bater nos 80%, traduzindo a capacidade dos adversários de Maduro mobilizarem o eleitorado.

Esperança de mudança

A eleição deste domingo, pela primeira vez em 25 anos, levanta expectativas de mudanças reais. A oposição, liderada por González, aspira que o clima de esperança que se sente no país se concretize nas urnas. Maduro, que busca um terceiro mandato, votou em Caracas minutos após a abertura das urnas e apelou ao respeito pelos resultados que o Conselho Nacional Eleitoral divulgará à noite.

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+ Líder oposicionista María Corina vota na Venezuela e prevê: ‘Liberdade é iminente’

No entanto, após uma campanha marcada por repressão política – ao menos 37 figuras da oposição foram presas neste ano – e por uma retórica agressiva por parte do regime – o presidente bolivariano aumentou o tom na semana passada, falando em “banho de sangue” em caso de sua derrota – teme-se que os resultados possam ser manipulados. A oposição apelou aos próprios eleitores para realizarem uma auditoria cidadã e permanecerem nos centros de votação até o fim de toda a contagem. Maduro, ao votar, afirmou que não reconheceria o levantamento independente.

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