Nas últimas horas, diversas pesquisas de boca de urna sobre as eleições na Venezuela neste domingo, 28, começaram a se espalhar nas redes sociais. A votação, que começou às 6h00 (7h00 em Brasília) e vai até às 18h00 do horário local, pode tirar o atual líder Nicolás Maduro do poder, dando fim a 25 anos de ditadura chavista.
Cerca de 21 milhões de eleitores irão às urnas neste domingo para decidir isso. O ex-embaixador Edmundo González Urrutia, representante da principal coalizão de oposição, é o grande favorito. O diplomata de 74 anos foi alçado a presidenciável depois que o regime declarou a inelegibilidade de María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, por supostas irregularidades administrativas, nunca comprovadas. Ambos são ligados à Plataforma Unitária Democrática, uma coalizão de onze partidos de centro e centro-direita que desafia o regime.
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Diametralmente opostos
Longe de oferecer um panorama claro, as pesquisas de boca de urna mostram resultados inversos, a depender das ligações que os seus respectivos institutos, ou autores, têm com o governo ou com a oposição.
A agência Hinterlaces informou que, até às 12h, 61,5% dos eleitores haviam votado e que Maduro vencia por quase 12 pontos percentuais o adversário González – 54,6% contra 42,8%. O instituto Meganalisis, por sua vez, questionou o levantamento do que descreveu como uma “empresa do oficialismo” e garantiu que a Hinterlaces “manipular a realidade”.
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Em seguida, o instituto revelou dados que pintam um cenário totalmente diferente: segundo o Meganalisis, às 11h, 41% dos eleitores haviam votado e González vencia Maduro por mais de 50 pontos percentuais – 65,3% contra 13,1%. Outra pesquisa, da empresa Edison Research, deu 64% dos votos ao candidato da oposição e 31% a Maduro, com base em entrevistas com 5.464 eleitores em 100 centros de votação.
Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, órgão controlado pelo chavismo, atacou essas sondagens. “Nenhuma pesquisa de boca de urna é verdadeira, elas dizem o que a pessoa que paga por elas quer ouvir”, disparou.
Antes do início do pleito, a grande maioria das pesquisas dava vantagem ampla ao candidato da oposição sobre Maduro. Pesquisa divulgada pelo Instituto Delphos, na última terça-feira 23, indicou que a coalizão de onze partidos que desafia o regime está 35 pontos à frente, com 60% das intenções de votos. A participação, enquanto isso, deve bater nos 80%, traduzindo a capacidade dos adversários de Maduro mobilizarem o eleitorado.
Esperança de mudança
A eleição deste domingo, pela primeira vez em 25 anos, levanta expectativas de mudanças reais. A oposição, liderada por González, aspira que o clima de esperança que se sente no país se concretize nas urnas. Maduro, que busca um terceiro mandato, votou em Caracas minutos após a abertura das urnas e apelou ao respeito pelos resultados que o Conselho Nacional Eleitoral divulgará à noite.
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No entanto, após uma campanha marcada por repressão política – ao menos 37 figuras da oposição foram presas neste ano – e por uma retórica agressiva por parte do regime – o presidente bolivariano aumentou o tom na semana passada, falando em “banho de sangue” em caso de sua derrota – teme-se que os resultados possam ser manipulados. A oposição apelou aos próprios eleitores para realizarem uma auditoria cidadã e permanecerem nos centros de votação até o fim de toda a contagem. Maduro, ao votar, afirmou que não reconheceria o levantamento independente.