Avião da Ethiopian saiu do controle do piloto bruscamente, diz jornal
Gravações da caixa-preta ainda não foram divulgadas, mas o impresso americano 'The New York Times' publica relato que sugere defeito da aeronave
O piloto da Ethiopian Airlines que conduzia o voo acidentado no domingo passado na Etiópia relatou problemas de “controle de voo” após a decolagem e solicitou uma pista de aterrissagem para retornar ao aeroporto de Adis Abeba. A torre percebeu que a aeronave subia e descia bruscamente e atingiu uma velocidade extremamente rápida, segundo informações divulgadas pelo jornal The New York Times.
“Solicito volta pra casa. Solicito vetor (sistema de navegação) para aterrissar”, disse o piloto em aparente pânico aos controladores, segundo afirmou ao jornal uma pessoa que revisou as comunicações entre a aeronave e a torre de controle. As gravações ainda não foram divulgadas, enquanto a caixa-preta segue em análise.
Pelo relato publicado no The New York Times, um minuto depois da decolagem o piloto teria reportado, ainda com voz serena, um problema de “controle de voo” com sua aeronave, um Boeing 737 Max 8 novo.
Nesse momento, os radares da torre de controle mostravam que o avião voava a uma altitude muito abaixo do mínimo considerado seguro durante uma decolagem.
Dois minutos depois, segundo a fonte do The New York Times, o piloto, Yared Getachew, com 8.000 horas de voo de experiência, teria conseguido elevar a aeronave e se preparava para subir até 14.000 pés (4.267 metros).
Foi então que os controladores perceberam que a aeronave subia e descia bruscamente centenas de pés e voava a uma velocidade estranhamente rápida.
Conscientes de que algum problema estava ocorrendo, os funcionários da torre de controle de Adis Abeba “começaram a perguntar-se em voz alta o que o avião estava fazendo”.
Os controladores ordenaram a outros dois voos que se aproximavam do aeroporto que permanecessem a uma altura de segurança enquanto lidavam com a emergência quando Getachew, em pânico, solicitou uma pista para voltar.
Getachew obteve a permissão para aterrissar, mas um minuto depois o avião desapareceu do radar. No acidente deste voo, o 302 da Ethiopian Airlines com destino a Nairóbi, morreram 157 pessoas.
As semelhanças do acidente com o de outro 737 Max 8 ocorrido na Indonésia em outubro do ano passado fizeram com que os reguladores dos Estados Unidos, da União Europeia e do Brasil, entre muitos outros países, suspendessem os voos destes aviões da Boeing até que se esclareçam as causas.
A Boeing, por sua parte, paralisou nesta quinta-feira as entregas dos modelos 737 Max 8 que já haviam sido encomendados.
(Com EFE)