Polícia da França expulsa centenas de imigrantes que se abrigavam em teatro em Paris
Gaite Lyrique suspendeu as atividades em 17 de dezembro, poucos dias após local ser ocupado; Muitos deles eram menores de idade desacompanhados

A polícia da França retirou à força nesta terça-feira, 18, mais de 400 imigrantes que se abrigavam no teatro Gaite Lyrique, em Paris, há cerca de três meses. A operação teve início por volta das 6h no horário local (2h em Brasília), enquanto manifestantes gritavam “vergonha, vergonha, vergonha para as autoridades que estão em guerra com menores isolados” do lado de fora.
Embora tenham usado gás lacrimogêneo, os agentes relataram uma retirada sem grandes problemas. Ao todo, 46 pessoas foram presas e nove ficaram levemente feridas, informou o chefe de polícia da capital, Laurent Nunez, à emissora francesa BFM TV. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, defendeu à rádio France Inter que o despejo era necessário e disse que os imigrantes receberam uma moradia de emergência.
O teatro suspendeu as atividades em 17 de dezembro, exatos sete dias após os imigrantes ocuparem o local. Muitos deles, inclusive, são menores de idade desacompanhados. Uma faixa, pendurada no teatro, dizia: “400 vidas em risco, 80 empregos sob ameaça”.
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Não é a primeira vez, no entanto, que a capital francesa se vê mergulhada em uma polêmica relacionada ao tratamento a imigrantes. No final de 2023, Paris deu início a uma operação para desmantelar acampamentos improvisados onde vivem imigrantes e ciganos, como parte de um plano da França para “melhorar” a cidade antes dos Jogos Olímpicos, realizados no ano passado.
Pelo menos 60 ocupações no bairro de Seine-Saint-Denis, uma região pobre a leste do rio Sena, foram fechadas em 2023, de acordo com um levantamento da agência de notícias Reuters baseado em documentos administrativos e judiciais e em entrevistas.
Com mais de 1,6 milhão de habitantes, Seine-Saint-Denis é o departamento mais pobre da França. A área tem o maior número de ocupações e favelas do país, mostrou um relatório de 2021 da autoridade habitacional francesa.