De campos a praias, de florestas a quintais, os pássaros estão desaparecendo em um ritmo alarmante nos Estados Unidos e no Canadá. A população de aves diminuiu 29% desde 1970, e houve uma perda líquida de cerca de 2,9 bilhões de pássaros, alertaram cientistas nesta quinta-feira, 19.
A culpa é das pessoas, disseram os pesquisadores, citando fatores como a perda generalizada e a degradação de habitats e o uso amplo de agrotóxicos para erradicar insetos vitais para a dieta de muitos pássaros. “Os pássaros estão em crise”, disse Peter Marra, diretor da Iniciativa de Meio Ambiente da Universidade Georgetown e coautor do estudo publicado no periódico científico Science.
O estudo foi baseado nas populações de 529 espécies nativas e mostra que, mesmo entre as aves consideradas abundantes nos dois países, como os tordos americanos e os pardais, houve perdas substanciais. Foram usadas as contagens de pássaros em terra e radares para acompanhar as aves migratórias.
“A mensagem a ser absorvida é que nossas descobertas se somam aos indícios crescentes de outros estudos que mostram declínios maciços de insetos, anfíbios e outros táxons, o que sinaliza uma crise ecológica generalizada”, acrescentou Marra.
“Os pássaros são a quintessência dos indicadores da saúde ambiental, como os canários em minas de carvão, e estão nos dizendo que é urgente agirmos para fazermos com que nosso planeta possa continuar a sustentar a vida selvagem e as pessoas.”
A maior parte das perdas não aconteceu entre espécies raras, mas comuns, e em quase todas as famílias de pássaros e em todos os habitats. Além dos pardais e dos tordos, estão nessa lista as andorinhas, melros-pretos, tentilhões, mariquitas e cotovias do pardo.
Cerca de 90% da perda total ocorreu em somente 12 famílias de pássaros e 19 espécies de pássaros comuns, como o verdilhão de olho escuro, o quíscalo comum e os pardais domésticos. Cada uma dessas espécies perdeu mais de 50 milhões de indivíduos.
Os cientistas afirmam que outros estudos documentaram quedas preocupantes na população de aves em outras partes do mundo.
“Pássaros são um componente crítico de muitos ecossistemas. Eles servem de predadores e presas, dispersam sementes e fornecem serviços ao ecossistema como controle de pragas. Quando uma grande parcela da população é perdida, isso perturba toda a teia da vida, da qual todos dependemos”, afirmou o líder da pesquisa, Ken Rosenberg, um cientista conservacionista do laboratório de ornitologia da Universidade de Cornell.
Algumas espécies de pássaros mostraram ganhos populacionais. A proibição do pesticida DDT permitiu o ressurgimento de populações de espécies predadoras, como a águia-de-cabeça-branca, disseram os pesquisadores. Políticas de gestão de fluxo de água, incluindo proteção e restauração de áreas de pântanos permitiram crescimento de populações de patos e gansos, acrescentaram os cientistas.
“Estes são importantes exemplos que mostram que podemos impactar positivamente as populações de aves”, disse Rosenberg.
(Com Reuters)