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Por que 19 países querem entrar no Brics

Bloco vai se reunir em junho para discutir a ampliação, segundo representante sul-africano

Por Da Redação Atualizado em 26 jul 2023, 15h42 - Publicado em 26 abr 2023, 13h16

Às vésperas de uma cúpula anual na Cidade do Cabo, na África do Sul, o Brics recebeu “propostas de adesão de 19 nações”, de acordo com Anil Sooklal, embaixador sul-africano no bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Segundo o representante, “treze países pediram formalmente para aderir e outros seis pediram informalmente. Estamos recebendo inscrições para participar todos os dias”. No encontro, “o que vai ser discutido é a expansão do Brics e as modalidades de como isso vai acontecer”, disse na segunda-feira, 24, à Bloomberg.

Desde a sua formação, ainda como Bric, em 2006, o grupo adicionou apenas um novo membro, a África do Sul, em 2010. Em fevereiro, foi informado que Arábia Saudita e Irã estão entre os países que pediram formalmente para ingressar. Juntam-se a eles Argentina, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Egito, Bahrein e Indonésia, juntamente com duas nações da África Oriental e uma da África Ocidental, que ainda não foram identificadas.

A conversa sobre expansão foi iniciada em 2022, quando a China estava presidindo o bloco, enquanto a segunda maior economia do mundo tenta construir influência diplomática para conter o domínio dos países desenvolvidos nas Nações Unidas. Porém, a ampliação gera preocupação entre os outros membros por conta do tamanho da influencia chinesa, que tem um produto interno bruto que representa o dobro do tamanho de todos os outros quatro membros do Brics juntos.

+ Leia a íntegra do discurso de Lula na posse de Dilma no banco do Brics

Os ministros das Relações Exteriores dos cinco Estados membros confirmaram que participarão das discussões que vai acontecer de 2 a 3 de junho.

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O Brics começou como bloco otimista para descrever quais eram as economias de crescimento mais rápido do mundo na época. Porém, embora o momento econômico positivo para esses países tenha passado, analistas acreditam que a aliança está se estabelecendo como uma alternativa aos fóruns financeiros e políticos internacionais existentes. A sigla agora se vende como “um modelo alternativo ao G7”.

“O mito fundador das economias emergentes desapareceu”, analisou Günther Maihold, vice-diretor do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, ao alemão Deutsche Welle. “Os países do Brics estão vivendo seu momento geopolítico.”

A ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, disse que o interesse mundial no grupo Brics é “enorme”. “Depois de definirmos os critérios [para entrada], tomaremos a decisão”, disse ela, observando que o tópico de expansão vai ser colocado na agenda da próxima cúpula.

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+ ‘Ninguém vai proibir que Brasil aprimore relação com China’, diz Lula

Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro do ano passado, o Brics se distanciou ainda mais do chamado Ocidente, por exemplo. Nem Índia, Brasil, África do Sul ou China se juntaram ao movimento de sanções contra a Rússia. O comércio entre Nova Délhi e Moscou chegou em níveis históricos e a dependência brasileira dos fertilizantes russos também deixou essa situação cada vez mais clara.

“Diplomaticamente, a guerra na Ucrânia parece ter traçado uma linha divisória rígida entre uma Rússia apoiada pelo leste e o Ocidente”, disse Matthew Bishop, cientista político da Universidade de Sheffield, para o Economics Observatory. “Consequentemente, alguns formuladores de políticas europeus e americanos temem que o Brics possa se tornar menos um clube econômico de potências emergentes que buscam influenciar o crescimento e o desenvolvimento global e mais um clube político definido por seu nacionalismo autoritário.”

Entretanto, para muitos analistas, o Brics não é uma aliança contra o Ocidente, mas um fórum para aumentar o pensamento soberano e autônomo. Para eles, África do Sul, Índia e Brasil estão simplesmente “competindo por melhores condições”. Enquanto isso, a China usa a plataforma para suas ambições políticas globais, apontando as ofertas de Pequim para mediar a guerra na Ucrânia e os exercícios militares conjuntos que realizou com a Rússia na África do Sul.

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