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Por que cidade inglesa tinha estátua de um traficante de escravos

Prefeito de Bristol admitiu que homenagens ao comerciante Edward Colston eram uma "afronta" e disse que não pretende reinstalar a escultura

Por Da Redação Atualizado em 8 jun 2020, 12h44 - Publicado em 8 jun 2020, 12h36

Edward Colston. O nome, até então pouco conhecido internacionalmente, ganhou manchetes em todo o mundo no último domingo 7, quando sua estátua, erguida em 1895, foi arrancada e jogada num rio, na cidade de Bristol, na Inglaterra. Foi um dos gestos mais simbólicos do dia de manifestações antirracismo ao redor do mundo, na esteira da morte do americano George Floyd, na semana passada, em Minneapolis. Colston (1636-1721) foi um notório traficante de escravos e as homenagens a ele foram tratadas como uma “afronta” pelo próprio prefeito da cidade. Mas, afinal, quem foi Edward Colston e por que havia uma estátua dele em Bristol?

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Colston foi um famoso comerciante britânico, tido como um benfeitor da cidade por parte da comunidade branca local. Foi membro do Parlamento inglês e financiou a construção de escolas, igrejas e hospitais em Bristol e Londres. Estes são os feitos positivos de sua abjeta biografia. Conforme explicou em suas redes sociais neste domingo o jornalista e escritor Laurentino Gomes, autor da trilogia formada por 1808, 1822 e 1889, e que no ano passado lançou o livro Escravidão, a derrubada da estátua corrigiu uma “injustiça histórica”, pois Colston foi também um dos maiores traficantes de escravos da Europa.

Ele era acionista da Royal Adventures into Africa (RAC) e foi responsável por transportar mais de 80.000 africanos para a América, dos quais cerca de 20.000 morreram durante a travessia. Entre os acionistas da empresa, que faliu devido à concorrência brasileira e portuguesa, estava a rainha Catarina de Bragança, filha de dom João IV de Portugal e cujo cunhado, o Duque de York, conquistou a cidade de Nova York e batizou o atual bairro do Queens em sua homenagem. Anos atrás, a cidade americana desistiu de erguer uma estátua para Catarina de Bragança, após pressão do movimento negro local.

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Voltando ao caso de Colston, o prefeito de Bristol, Marvin Rees, que é negro, disse não apoiar “danos criminais”, mas compreendeu a reação dos manifestantes. “Não posso fingir, como filho de um migrante jamaicano, que a presença da estátua de um comerciante de escravos no meio da cidade não fosse uma afronta pessoal a mim e a pessoas como eu”, afirmou, à emissora Sky News.

O prefeito contou que a escultura será recuperada e provavelmente levada a um dos museus locais. “O que aconteceu com esta estátua faz parte da história desta cidade”. A Associação de Proteção do Patrimônio Histórico da Inglaterra condenou a ação, mas também concordou que a estátua era “um símbolo de injustiça” e defendeu que ela não seja reinstalada.

Manifestantes chegaram a ajoelhar contra o pescoço da estátua, repetindo o gesto do policial branco Derek Chauvin, que matou George Floyd por asfixia, no último dia 25, nos Estados Unidos.

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