Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira,6, sanções econômicas às duas filhas do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e a proibição, junto com seus parceiros ocidentais, de novos investimentos em Moscou, após o massacre ocorrido na cidade de Bucha, na Ucrânia.
A ideia por trás da decisão, explicou uma autoridade do alto escalão do governo americano à rede CNN, é que os EUA acreditam que o presidente russo estaria escondendo alguns de seus próprios bens através das filhas. Sem detalhar quais seriam os bens escondidos com Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova, a autoridade disse ser uma prática comum dentro da elite russa.
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“Temos motivos para acreditar que Putin e muitos de seus comparsas e oligarcas escondem suas riquezas, escondem seus bens, com membros da família, que colocaram seus bens e suas riquezas no sistema financeiro americano, mas também em outras partes do mundo”, disse à CNN.
Por este motivo, segundo a autoridade, foram tomados “esforços coordenados para congelar seus bens e apreender bens físicos de luxo, como carros, iates, casas”.
A vida pessoal e familiar de Putin é pouco aberta. Maria e Katerina são filhas do casamento do presidente com Lyudmila Shkrebneva, mas há relatos de que ele teria outros quatro filhos, sendo dois meninos e duas meninas gêmeas, com a ex-campeã olímpica de ginástica Alina Kabaeva.
Segundo a agência de notícias Reuters, Maria Vorontsova nasceu em 28 de abril de 1985, na então Leningrado (hoje São Petersburgo, na Rússia) e estudou biologia na Universidade de São Petersburgo e medicina na Universidade Estatal de Moscou
Katerina Tikhonova, por sua vez, nasceu em 31 de agosto de 1986, em Dresden, na então Alemanha Oriental. Ela, que usa o sobrenome da avó materna, formou-se pela Universidade Estatal de Moscou em Estudos Asiáticos e tem mestrado em física e matemática.
Além das duas filhas publicamente reconhecidas do presidente russo, os EUA também puniram a esposa e filha do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. Membros do Conselho de Segurança da Rússia, incluindo o ex-primeiro-ministro Dmitry Medvedev e o atual chefe de Governo, Mikhail Mishustin, também são alvos das sanções.
O governo de Joe Biden também anunciou a imposição, em coordenação com seus parceiros do G7 e da União Europeia (UE), de um veto a novos investimentos na Rússia, o que vai “intensificar o êxodo em massa” de empresas, já que 600 multinacionais já deixaram o país, disse um alto funcionário da Casa Branca.
Paralelamente, os EUA decidiram bloquear completamente o Sberbank, maior banco estatal russo, e o Alfa Bank, a maior instituição financeira privada do país, que será impedida de realizar transações com os EUA em qualquer moeda. As entidades já tinham sido afetadas por sanções anteriores, mas agora sofrerão “a medida mais severa que pode ser tomada em termos financeiros”, disse a mesma fonte.
A economia russa enfrenta sua mais grave crise desde o colapso da União Soviética em 1991. Desde o início da invasão na Ucrânia, em 24 de fevereiro, os Estados Unidos e aliados impuseram sanções pesadas ao país.
O novo pacote de sanções é motivado pelos recentes incidentes na cidade de Bucha, onde centenas de corpos foram encontrados em valas comuns. O governo ucraniano e vários países ocidentais acusaram a Rússia de estar por trás do suposto massacre de civis na região vizinha à capital Kiev. O Kremlin nega categoricamente a participação de seus militares em crimes contra civis na região.
No fim de semana, o Conselho Europeu da União Europeia anunciou estar planejando mais sanções econômicas contra a Rússia após a divulgação das imagens de civis mortos espalhados em Bucha, e disse que iria recorrer às cortes internacionais por crimes de guerra cometidos contra a Ucrânia.