Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Por que ser candidato no México é quase uma sentença de morte?

Crime organizado é principal causa de violência contra candidatos no país

Por Da redação
25 jun 2018, 09h36

Ser candidato no México é praticamente uma sentença de morte, afirma, quase sussurrando, Mario Alberto Chávez, aspirante à prefeitura de Zumpango, no violento estado de Guerrero. Sobrevivente de um atentado, ele faz campanha com medo porque não possui guarda-costas, apesar de tê-los solicitado.

“Ia desistir da campanha, mas decidi que vale a pena continuar para tirar minha comunidade da pobreza e insegurança”, explica Chávez.

Em 18 de abril, o candidato jantava em um restaurante de Zumpango quando um homem armado invadiu o lugar e, sem falar uma palavra, abriu fogo contra sua mesa ferindo três de seus colaboradores. “Decidimos não fazer comícios, e sim fazer campanha de casa em casa”, admite o candidato do Nova Aliança, de 35 anos e pai de um menino.

Centenas de desistências

A violência eleitoral se soma à que diariamente angustia os mexicanos, que fecharam 2017 com a cifra recorde de 25.339 assassinatos. Mais de 200.000 pessoas foram assassinadas e outras 30.000 estão desaparecidas desde que, em 2006, o governo militarizou o combate ao narcotráfico.

Desde que teve início o processo eleitoral em setembro passado –e que se conclui em 1º de julho com o pleito que elege o novo presidente e outros 18.000 postos–, ao menos 114 políticos e candidatos foram assassinados, de acordo com a empresa de consultoria Etellekt.

Em Guerrero, 496 candidatos renunciaram e apenas 56 dessas candidaturas foram substituídas, de acordo com a autoridade eleitoral regional.

Continua após a publicidade

“O México lamentavelmente é um país que vive uma crise de segurança há dez anos e hoje estamos realizando a maior eleição de nossa história”, comentou o presidente do Instituto Nacional Eleitoral (INE), Lorenzo Córdova.

“O contexto de violência no país invade a política? A resposta é sim, e é grave”, acrescentou Córdova, assinalando diretamente as forças de segurança como responsáveis pelo sangue de políticos derramado ao menos uma vez por semana.

Em alguns casos, os motivos parecem claros: em 8 de junho, Fernando Purón, um ex-prefeito de Coahuila, na fronteira com os Estados Unidos, candidato a deputado federal, foi assassinado ao sair de um debate no qual falou de seu combate contra o cartel de “Los Zetas”.

Em outros casos, surgem dúvidas, como no de Pamela Terán, candidata a vereadora de Juchitán, Oaxaca, e morta em 2 de junho. Ela era filha de Juan Terán, preso e acusado de ser o chefe de um cartel regional.

Continua após a publicidade

Campanhas com medo

O governo disse na semana passada que recebeu 49 pedidos de escolta em nível federal, mas que apenas 12 foram concedidas, cinco foram rejeitadas e 32 continuam pendentes.

Vários candidatos reconheceram que realizam sua campanha com medo e alguns deles decidiram contratar seguranças. É o caso de Nestora Salgado, a controvertida candidata ao Senado de Guerrero pelo Partido Morena, de esquerda e cujo candidato presidencial Andrés Manuel López Obrador lidera as pesquisas.

“Responsabilizamos o governo pelo que continua acontecendo”, critica Salgado.

Armados com antigas escopetas e rifles, cerca de 50 policiais comunitários a cercam, durante seu comício no município de San Luis Acatlán. “Se não nos fornecem segurança é porque não convém a eles (ao governo) que eu chegue ao Senado porque levo a voz do povo”, comenta Salgado, que recebeu ligações de ameaças e, inclusive, encontrou cabeças de cachorro junto a sua porta.

Continua após a publicidade

Em sua cidade natal Olinalá, Nestora fundou e liderou a polícia comunitária para enfrentar os cartéis de drogas, até que, em 2013, foi acusada e presa por sequestro e libertada quase três anos depois por falta de provas.

No outro extremo da história está o empresário Joaquín Badillo, candidato à prefeitura de Acapulco por uma coalizão formada pelo Partido da Revolução Democrática (PRD, esquerda) e Ação Nacional (PAN, direita). Acapulco, além de famoso balneário, é uma das cidades mais perigosas do México, mas “Jako” Badillo não pediu escolta ao governo, pois é dono de uma empresa de segurança composta por 3.000 homens.

“O medo faz a pessoa tomar precauções”, afirma.

Rubén Salazar, diretor de Etellekt, cita as possíveis causas da violência. “Após a militarização da luta contra drogas, os cartéis se fragmentaram e estão tendo de se refugiar em muitas dessas localidades, onde ocorrem os crimes, buscando apoio dos candidatos e se livrando daqueles com os quais não fazem um acordo”, explica.

Continua após a publicidade

 

(Com AFP)

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.