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Posse de deputados no Parlamento Europeu é marcada por protestos

Britânicos pró-Brexit dão as costas à tribuna durante execução do hino da UE; catalães protestam em favor de seus deputados eleitos;

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h43 - Publicado em 2 jul 2019, 13h17
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  • Os deputados eleitos para o Parlamento Europeu na votação do fim de maio tomaram posse em Estrasburgo nesta terça-feira, 2, durante uma sessão marcada por protestos da Catalunha e pela hostilidade dos eleitos britânicos.

    Cerca de 10.000 manifestantes acenavam bandeiras catalães em frente à sede da instituição em apoio aos três separatistas da região espanhola impedidos de tomar posse como eurodeputados depois de não comparecerem para prestar o juramento em Madri.

    Dois dos deputados envolvidos  estão exilados em outros países, sob a perspectiva de serem presos caso voltem à sua terra natal. Um deles é Carles Puigdemont, líder da tentativa de proclamar a independência catalã em 2017.

    No interior da Câmara, no início da cerimônia de posse, os eurodeputados foram convidados a ficar de pé para ouvir o hino europeu. Mas, em outro protesto, os 29 deputados britânicos do Partido do Brexit, eleitos na iminência da saída do Reino Unido da União Europeia, expressaram sua oposição ao bloco ficando de costas para seus colegas.

    O polêmico parlamentar britânico Nigel Farage, líder do partido, afirmou que não houve nada de “desrespeitoso” no ato.

    “Nós estávamos sentados e o presidente do Parlamento, o senhor Tajani, disse que era educado nos levantarmos quando o hino de outra nação tocava. Ele chamou este lugar (a União Europeia) de nação. Por isso, obedecemos às suas instruções e nos levantamos, mas viramos para o outro lado”, justificou Farage à Sky News.

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    Ainda nesta terça-feira, pelo Twitter, Farage mostrou-se orgulhoso do seu partido por “já fazer sua presença ser sentida” no Parlamento Europeu.

    O Partido do Brexit foi uma força política criada no Reino Unido “de última hora”, a tempo de concorrer às eleições europeias de 2019.

     

    Líderes do bloco

    A principal missão da sessão inaugural desta terça-feira era eleger um novo presidente do Parlamento, um dos principais postos do bloco europeu. Mas a escolha do sucessor do italiano Antonio Tajani (do PPE, um partido de direita), acabou sendo adiada para quarta-feira, 3, em meio ao impasse entre os líderes dos 28 países para distribuir os cargos de mais alto nível.

    Ainda não há indicações de que os chefes de Estado, reunidos desde domingo em Bruxelas, vão chegar a um acordo. Um fracasso levaria o Parlamento a distribuir as cartas sem esperar a definição da presidência da Comissão Europeia.

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    “Os candidatos têm até as 22h de hoje (17h de Brasília) para se declarar”, informou o porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch.

    A deputada ecologista Ska Keller já anunciou sua candidatura, enquanto o seu compatriota alemão Manfred Weber, à frente do grupo do PPE, a maior bancada do Parlamento, também deve concorrer se ficar confirmada a sua derrota na corrida pela chefia da Comissão.

    Nos últimos dias, cresceu o apoio em torno da candidatura da atual ministra de Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, para a presidência da Comissão Europeia. Mas, segundo o portal POLITICO, sua escolha poderia gerar um mal estar entre os principais órgãos do bloco econômico. 

    “Não consigo imaginar que von der Leyen será aceita pelo Parlamento”, disse ao site um ministro da União Europeia, em condição de anonimato.

    A chanceler alemã Angela Merkel, junto aos outros grandes líderes do bloco, tem tido problemas para encontrar um candidato aceito tanto pelo Parlamento Europeu quanto pelo Conselho, tentando evitar uma crise institucional.

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    Ursula von der Leyen já declarou publicamente seu sonho de uma União Europeia federalista, se opondo aos ideais da ultradireita nacionalista, um dos principais grupos da nova formação do Parlamento.

    “Minha meta é os Estados Unidos da Europa – seguindo o modelo de Estados federais como a Suíça, a Alemanha e os Estados Unidos”, declarou a ministra da Defesa em entrevista ao alemão Der Spiegel, em 2011.

    Já em 2015, ela reiterou este posicionamento para o site Die Zeit. “Imagino a Europa dos meus filhos ou netos como algo que não seja uma união frouxa de países presos por interesses nacionais.”

    Ainda como ministra, von der Leyen também falou a favor de uma maior cooperação de segurança entre os membros do bloco econômico.

    Decisão antidemocrática

    Os manifestantes pró-catalães presentes em grande número em Estrasburgo criticaram uma suposta atitude antidemocrática de Madri. “Para onde vão os nossos votos se as pessoas que elegemos não podem desempenhar o seu papel?”, questionou um dos separatistas, Santiago Solsona.

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    O advogado catalão de 54 anos, que veio protestar em Estrasburgo com sua esposa e filho, disse que era “importante estar aqui” para apoiar os três separatistas eleitos no final de maio na Espanha.

    São eles Carles Puigdemont, ex-chefe do governo regional catalão exilado na Bélgica para escapar de um mandado de prisão espanhol, seu companheiro de chapa Toni Comin, na mesma situação, e o separatista Oriol Junqueras, em prisão preventiva na Espanha.

    O governo espanhol não transmitiu formalmente a eleição dos três ao Parlamento Europeu, uma vez que a situação legal deles no país os impediu de prestar juramento em Madri. Seus assentos, portanto, permaneceram vazios.

    Puigdemont preferiu não ir a Estrasburgo por medo de ser entregue à Espanha, segundo seu advogado Gonzalo Boye.

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    “Decidimos que não era aconselhável que ele viesse aqui, porque não há garantias sobre uma medida administrativa consistente em levá-lo diretamente a território espanhol”, afirmou Boye em Estrasburgo, cidade francesa situada a poucos quilômetros da fronteira alemã.

    Brexiters

    Com o novo adiamento do Brexit – agora marcado para o dia 31 de outubro -, 73 deputados britânicos tiveram que se apresentar em Estrasburgo, incluindo um dos principais nomes eurocéticos, Nigel Farage. Seu Partido do Brexit, com 29 eleitos, é o partido nacional com a maior delegação.

    Em teoria, o novo Parlamento teria apenas 705 assentos. 27 assentos britânicos deveriam ter sido distribuídos para outros países, enquanto os outros 46 seriam reservados para possíveis novos alargamentos da União Europeia.

    A postergação do divórcio mudou a situação e criou um cenário sem precedentes: os britânicos ocuparão seus assentos temporariamente, até que o Brexit se materialize. E 27 pessoas eleitas no final de maio (incluindo cinco franceses, três italianos e cinco espanhois) serão “reservistas” nesse meio tempo.

    “Nós não deveríamos estar aqui, mas na verdade eu não estou particularmente irritado com a União Europeia ou com Michel Barnier (principal negociados europeu do Brexit). É a classe política britânica que decepcionou seu povo”, declarou Farage.

    Apesar disso, o grupo de brexiters não é unanimidade entre os eurodeputados do Reino Unido. Outras autoridades britânicas, membros do grupo Renew Europe, exibiam camisetas amarelas com a mensagem “Parem o Brexit”, apoiados pelos macronistas da França.

    (Com AFP)

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