O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, ofereceu nesta sexta-feira ao futuro gabinete catalão um diálogo “aberto e realista”. Porém, ressaltou que suas negociações com os separatistas devem sempre se basear no que a Constituição espanhola estabelece.
Mais cedo nesta sexta, o ex-presidente regional catalão Carles Puigdemont havia se oferecido para um encontro com Rajoy. O catalão apenas estipulou que a reunião deveria acontecer em outro país da União Europeia, e não na Espanha.
O resultado das eleições na Catalunha reabriu as discussões sobre o movimento separatista regional. Apesar da vitória, o partido Ciudadanos — contrário à independência — não obteve a maioria absoluta no Parlamento.
Caso os partidos independentistas se juntem em uma coalizão, conquistarão a maioria de 68 assentos da Casa e conservarão seu poder na Catalunha.
Logo após o resultado oficial, Puigdemont declarou a derrota do Estado espanhol. Falando de Bruxelas, onde está exilado desde o final de outubro, afirmou que a vitória da “república catalã é um resultado que ninguém pode contestar”.
Resposta espanhola
Apesar da perspectiva favorável ao separatismo, Rajoy garantiu que o futuro gabinete catalão “estará submetido ao império da lei”. Em uma coletiva de imprensa em Madri, o premiê também avisou que o governo autônomo terá que respeitar a pluralidade de opiniões de sua população e não usar novamente a via unilateral para uma declaração de secessão.
Em 27 de outubro, Puigdemont anunciou a independência da Catalunha da Espanha. A resposta do Executivo de Rajoy foi destituir o gabinete do ex-líder regional e convocar eleições para 21 de dezembro. O Tribunal Supremo também investiga diversos políticos por suposto crime de rebelião, entre eles o próprio Puigdemont, que foi à Bélgica para não responder à Justiça espanhola.
Rajoy advertiu hoje que a situação processual do ex-presidente Puigdemont e de todos os envolvidos do processo independentista não depende “em absoluto” dos resultados das eleições de ontem na Catalunha, mas das decisões dos juízes. “Nós políticos somos os que devemos nos submeter à Justiça como qualquer outro cidadão, e não a Justiça que deve se submeter a uma estratégia política”, disse o premiê espanhol, que insistiu que o seu Executivo estará, “como sempre”, de acordo com o que os tribunais disserem.
Com relação ao futuro governo catalão, Rajoy espera que contribua para “gerar certeza” e para favorecer a reconciliação “da mão da lei” depois de um período de independentismo que representou uma “fratura” na sociedade e que “levará tempo para se recuperar”. Ele destacou que após os resultados das eleições de ontem, “ninguém pode falar em nome da Catalunha se não contemplar toda a Catalunha”.