Premiê de Assad concorda em entregar governo da Síria aos rebeldes
Anúncio ocorre pouco após os militantes tomarem controle da capital do país, Damasco, e anunciarem a deposição do regime ditatorial de Bashar al-Assad

O ex-primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, concordou nesta segunda-feira, 9, em entregar o governo aos rebeldes. O anúncio foi realizado à emissora saudita Al Arabiya TV. A declaração ocorre um dia após os militantes tomarem controle da capital síria, Damasco, e anunciarem a deposição do regime ditatorial de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia depois de 50 anos de domínio hereditário no país.
Os militantes também compartilharam nas redes sociais um vídeo do líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammad al-Jolani, em reunião com o antigo premiê para “coordenar a transferência de poder de uma maneira que garanta a prestação de serviços ao nosso povo na Síria”. Figura central por trás das operações rebeldes, al-Jolani, cujo verdadeiro nome é Ahmed al-Sharaa, foi recebido no domingo 8 por uma multidão numa mesquita em Damasco, numa demonstração do apoio civil à queda de Assad.
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Quem é Jolani?
Oficialmente, não há informações precisas sobre sua idade ou sobre sua origem. Relatórios da ONU e da União Europeia afirmam que ele nasceu em algum momento entre 1975 e 1979 (a Interpol diz que foi em 79). Já uma notícia do antigo jornal libanês As-Safir fala em 1981.
Jolani comanda o HTS desde 2017, quando, segundo ele, seus combatentes se uniram a outros grupos anti-governo na Síria. Sob seu comando, a organização se tornou a principal força rebelde no noroeste do país. No histórico, o HTS, apesar de ter raízes na Al-Qaeda, realizou ações na cidade de Idlib contra o grupo criado por Osama Bin Laden, e também reprimiu operações do Estado Islâmico na região.
Embora seja um grupo fundamentalista islâmico, o HTS impõe a lei islâmica de maneira mais branda que os demais grupos jihadistas. Mas também é classificado como uma organização terrorista por vários governos ocidentais, como Estados Unidos, e do Oriente Médio, bem como pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.