Premiê do Japão come peixe em público após lançar água de Fukushima no mar
Gesto ocorre em meio a preocupação de que a água da usina nuclear, destruída pelo terremoto de 2011, contamine alimentos e prejudique a saúde humana

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e outros ministros do governo comeram peixes e frutos do mar provenientes da província de Fukushima nesta quarta-feira, 30, para dissipar preocupações com a possibilidade de contaminação radioativa. O gesto ocorre depois de nações vizinhas, como China e Coreia do Sul, criticarem o país por ter liberado a água contaminada da usina nuclear de Fukushima, depois de tratada, no oceano.
Após o início da operação, que teve sinal verde da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), das Nações Unidas, Pequim proibiu a importação de certos produtos japoneses, enquanto Seul deu indicações de que poderia fazer o mesmo.
A reunião de almoço teve o objetivo de refutar as sugestões de que a água de Fukushima poderia impactar a saúde humana, bem como restaurar a reputação dos produtos pesqueiros japoneses. Após o encontro, o gabinete do primeiro-ministro informou que ele comeu sashimi composto por robalo, linguado e polvo, acompanhado de arroz colhido na província de Fukushima.
“Precisamos informar as pessoas tanto no país como no exterior sobre a segurança dos frutos do mar pescados perto do complexo nuclear de Fukushima”, disse Yasutoshi Nishimura, ministro da Economia, Comércio e Indústria, responsável pela política nuclear do país.
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Um vídeo do almoço também foi divulgado nas redes sociais. Nas imagens, Kishida aparece elogiando o prato enquanto almoça com os demais ministros.
https://twitter.com/nexta_tv/status/1696863636554182771
Na quinta-feira passada, o Japão começou a despejar no Oceano Pacífico a água tratada proveniente da central nuclear de Fukushima Daiichi, destruída por um terremoto e subsequente tsunami em março de 2011. O país informou que todos os radionuclídeos (compostos radioativos), exceto o trítio, são removidos da água através de um processo de purificação antes do descarte.
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Segundo especialistas, o trítio é menos prejudicial à saúde humana do que outros compostos radioativos, como o césio e o estrôncio, pois emite radiação fraca e não se acumula no corpo. A AEIA disse que o método de liberação de água do Japão está alinhado com os padrões globais de segurança e teria um impacto radiológico “insignificante” para as pessoas e o meio ambiente.
Porém, o governo da China e associações de pesca locais fizeram duas críticas à iniciativa. Pequim impôs uma proibição geral de importação de produtos pesqueiros japoneses após o início do descarte da água.
Kishida disse que o governo vai divulgar um pacote de plano de resgate para os pescadores nacionais, que podem sofrer com as restrições chinesas, até o final de semana. O governo já criou dois fundos separados, um no valor de 30 milhões de ienes (R$ 1 milhão) e outro de 50 milhões de ienes (R$ 1,6 milhão), para abordar quaisquer rumores prejudiciais e ajudar os pescadores locais a manter seus negócios em pé.