Em 2023, Narges Mohammadi recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela defesa dos direitos humanos e da liberdade para seu povo. Entre idas e vindas, a iraniana, conhecida também por sua ferrenha oposição à pena de morte no país, tem estado na prisão desde 1998 em função de seu ativismo. A mais recente detenção ocorreu em 2021, quando foi enviada à penitenciária de Evin, em Teerã, onde permanece em condições muito insalubres.
Narges, que é reconhecida internacionalmente por seus esforços, lançou no Brasil Tortura Branca (Instante). Além do depoimento sobre suas experiências degradantes, o livro reúne entrevistas e testemunhos de outras treze presas políticas iranianas encarceradas sem base legal. O tema principal é o uso do confinamento solitário, um dos exemplos de “tortura branca”, como um tipo de coerção psicológica que consiste em submeter prisioneiros à privação de todos os estímulos sensoriais por longos períodos.
Em agosto de 2024, a saúde de Narges se deteriorou devido a uma combinação de condições médicas preexistentes, falta de atendimento médico oportuno e incidentes recentes de violência física na prisão de Evin. A Free Narges Coalition, iniciativa internacional para apoiar e promover a libertação da ativista iraniana, está alarmada com relatos de que ela foi agredida junto com outras prisioneiras em conexão com seu protesto pacífico. “Estamos investigando relatos de que Mohammadi sofreu dor torácica aguda e um ataque respiratório como resultado”, disse a organização por meio de comunicado.
Desde sua detenção em novembro de 2021, ela foi hospitalizada várias vezes, incluindo em fevereiro de 2022, quando teve um bloqueio de 75% em uma de suas principais artérias coronárias, necessitando de angioplastia de emergência e colocação de um stent. Testes recentes indicam que este stent agora requer substituição devido a outro bloqueio, e duas artérias adicionais também podem exigir angioplastia urgente.
Além disso, nos últimos oito meses, Mohammadi tem sofrido de dores agudas nas costas e nos joelhos, incluindo uma hérnia de disco espinhal, conforme confirmado por especialistas médicos por meio de exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada. Essa condição necessita de fisioterapia e outros tratamentos regulares, que foram comunicados às autoridades da prisão de Evin três vezes nos últimos oito meses. No entanto, o tratamento foi negado até agora. Além disso, em fevereiro, Mohammadi passou por uma endoscopia que revelou lesões em seu esôfago e estômago, para as quais ela atualmente depende de medicamentos.
A família e os apoiadores de Narges Mohammadi têm se esforçado para tornar pública a situação da ativista iraniana, que estava presa quando o seu Prêmio Nobel foi anunciado — as homenagens foram recebidas por seus filhos. O apoio das instituições de direitos humanos ao redor do mundo tem sido de fundamental importância para mantê-la segura e para trazer luz às pautas que ela continua defendendo.
“Estas ações dão aos ativistas civis e políticos no Irã a oportunidade de fazerem as suas vozes serem ouvidas pelo mundo”, escreveu o jornalista Taghi Rahmani, marido da iraniana, em resposta a perguntas enviadas por e-mail. “Por outro lado, se os governos ocidentais incluírem os direitos humanos como princípios importantes nas suas negociações com países como o Irã, isso colocará uma pressão adicional sobre estes governos.”