Presidente argentino não vai vetar lei do aborto se ela passar no Senado
A Igreja Católica pede ao governo de Mauricio Macri para barrar projeto que permitiria a interrupção da gravidez até 14 semanas de gestação
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, descartou a hipótese de vetar a legalização do aborto, como lhe foi pedido no fim de semana por autoridades da Igreja Católica, caso o projeto seja aprovado pelo Senado em 8 de agosto.
“O presidente deixou claro que sua convicção sobre a importância de um debate republicano implica respeitar o resultado desse acordo e não vetar a lei”, declarou nesta terça-feira (10) o chefe de gabinete da Presidência, Marcos Peña, ao término da habitual reunião de ministros.
O projeto de lei que legaliza a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana de gestação já foi aprovado em votação do plenário da Câmara de Deputados e será votada no Senado em 8 de agosto.
Peña respondeu assim a vários religiosos, entre eles o arcebispo de La Plata, monsenhor Víctor Fernández, que, na segunda-feira (9), durante celebração pelo Dia da Independência, pediu a Macri para vetar a lei caso obtenha a aprovação do Senado.
O chefe de gabinete declarou que a relação institucional do governo com a Igreja “é muito boa” e assinalou que no governo “temos sido muito respeitosos” com a posição contra o aborto expressada pelas autoridades eclesiásticas. “Não sentimos que haja um conflito” por termos promovido o debate, insistiu Peña, pois a discussão faz parte do “desenvolvimento da vida republicana do país”. O debate no Congresso sobre a legalização do aborto foi promovido por Macri, apesar de ele ter argumentado ser, pessoalmente, “a favor da vida”.
Na América Latina, o aborto é legal apenas no Uruguai, em Cuba e na Cidade do México. Em quase todos os outros países, como o Brasil, a interrupção voluntária da gestação só pode ser feita em casos de risco de vida para a mulher, quando há inviabilidade do feto e se a gravidez for fruto de um estupro. Em El Salvador, Honduras e Nicarágua, o procedimento é totalmente proibido.
(Com AFP)