O presidente da Itália, Sergio Mattarella, se recusou a aceitar o pedido de renúncia do primeiro-ministro, Mario Draghi, feito nesta quinta-feira, 14, após o parceiro de coalizão populista Movimento 5 Estrelas retirar seu apoio em um voto de confiança. A recusa deixa a situação do governo italiano ainda mais caótica até a próxima semana, quando Draghi irá discursar no parlamento.
A crise do governo, os teatros e as maquinações dos bastidores abrem margem para a criação de uma calamidade potencial para a Europa, que enfrenta ao mesmo tempo a guerra na Ucrânia, uma nova onda de casos de Covid-19, além de uma crise energética.
Apesar do pedido de renúncia, há a possibilidade do retorno de Draghi ao cargo caso o ex-primeiro-ministro e líder do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Conte, aceite voltar à coalizão. No entanto, os desdobramentos desta quinta-feira deixam claro que as eleições nacionais, marcadas para o início de 2023, irão continuar a dividir ainda mais os partidos.
Ao apresentar sua renúncia, o primeiro-ministro disse que “a maioria da unidade nacional, que apoiou este governo desde o início, não existe mais”. Em resposta, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, não aceitou o pedido e convidou Draghi a discursar no parlamento nos próximos dias para “abordar a situação que surgiu”.
“Há mais cinco dias para trabalhar para que o parlamento possa confirmar sua confiança no governo Draghi e a Itália possa sair da dramática queda que está entrando agora”, disse Enrico Letta, líder do Partido Democrata, em sua conta no Twitter.
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Caso o cargo de primeiro-ministro fique vago, uma situação de instabilidade pode surgir não apenas no território italiano, mas também em toda a Europa. A União Europeia, cujo Draghi é um grande defensor, luta para manter a unidade e a cooperação na resposta contra a Rússia na invasão da Ucrânia.
Desde que ele assumiu o cargo, no início de 2021, após pedido do presidente da Itália para que ele resolvesse a crise política criada pelo colapso do governo de Conte, o primeiro-ministro liderou o país no combate à pandemia da Covid-19 e encheu o governo de especialistas que sacudiram a Itália de seu mal-estar político e econômico.
Draghi, frequentemente chamado de Super Mario por seu papel em salvar o Euro durante seu período como presidente do Banco Central Europeu, impulsionou imediatamente a posição internacional da Itália e a confiança dos investidores. A promessa de uma mão firme ajudou a Itália a receber mais de 200 bilhões de euros em fundos de ajuda da Europa, uma quantia transformadora que deu ao país sua melhor chance de modernização em décadas.
O ex-presidente do Banco Central trouxe um crescimento moderado para a Itália e fez reformas em seu sistema de justiça e código tributário, além de simplificar a burocracia e encontrar diversas fontes de energia fora da Rússia, incluindo renováveis.