O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que iria entrar em contato com a República Checa sobre uma possível ligação entre o presidente eleito neste sábado, 28, Petr Pavel, e a presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen. A informação sobre uma conversa entre os dois líderes foi confirmada por um porta-voz do governo de Pavel.
A atitude de Pavel, que acabou de ganhar as eleições no segundo turno, é altamente incomum dentro da política internacional. A China reivindica a ilha autônoma de Taiwan como uma província rebelde e parte de seu território, o que faz com que grande parte dos chefes de Estado evite interações públicas com Taipé, já que poderiam ser vistas como um desafio à soberania chinesa à ilha.
Em resposta, a chancelaria chinesa afirmou em um comunicado enviado à agência de notícias Reuters que Pavel tinha comentado anteriormente durante sua campanha eleitoral que o princípio de “uma China só” deveria ser respeitado.
“O lado chinês está atualmente buscando verificação com o lado checo, esperamos que o lado checo cumpra estritamente o princípio de China única”, disse o Ministério das Relações Exteriores.
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De acordo com o governo de Taiwan, a ligação durou 15 minutos e terminou com a presidente da ilha afirmando que gostaria de continuar em contato com Pavel. O presidente checo, que teve sua vitória cumprimentada por Tsai, publicou em seu perfil no Twitter que desejava reforçar a colaboração com Taiwan.
O novo presidente da República Checa substituiu Milos Zeman, que tinha uma postura pró-Rússia e defendia uma aproximação com a China. Apesar dos chefes de Estado no país terem papéis praticamente cerimoniais, eles normalmente são considerados formadores de opiniões e influenciam a política externa, podendo pressionar o governo e o Congresso para a aprovação ou a rejeição de medidas.
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Para o regime de Xi Jinping, ter conexões diretas com Taiwan se tornou uma questão delicada depois que a então presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, visitou a ilha em 2022. A líder seria a mais alta autoridade dos Estados Unidos a ir até o território depois de 25 anos, o que resultou em uma crise diplomática entre Washington e Pequim.