Presidente de Israel reclama que reféns em Gaza já não são tratados como prioridade
Declaração cutuca governo Netanyahu, que tem aproveitado momento para tomar medidas controversas como a demissão da PGR e do chefe do Shin Bet

O presidente de Israel, Isaac Herzog, criticou nesta terça-feira, 25, que a libertação de reféns supostamente deixou de ser uma prioridade na opinião pública. A declaração ocorre uma semana após protestos ruidosos contra a demissão de Ronen Bar, chefe da agência de Inteligência e Segurança Interna Shin Bet, e da procuradora-geral Gali Baharav-Miara.
“Estou bastante chocado com a forma como, de repente, a questão dos reféns deixou de estar no topo da lista de prioridades e no topo das notícias — como isso pode ser possível?”, disse Herzog durante a primeira conferência internacional do Departamento de Reabilitação do Ministério da Defesa, na Universidade de Tel Aviv.
“Não devemos, durante todo esse tempo, perder o contato — como nação e, claro, como sistema de governo — com tudo relacionado a trazer os reféns para casa, até o último”, concluiu ele.
Embora também tenha demandado a soltura dos cativos, a manifestação marcou a insatisfação contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, especialmente com a retomada das tentativas de aprovar uma polêmica reforma judicial. Poucos meses antes da eclosão da guerra, a população foi às ruas contra as mudanças propostas, que minariam a independência da Justiça. Críticos acusam Netanyahu de se aproveitar da guerra para permanecer no poder, aprovar medidas controversas e silenciar as demandas da oposição.
No último cessar-fogo, entre janeiro e março, o grupo terrorista palestino Hamas libertou 30 reféns — 20 civis israelenses, cinco soldados e cinco cidadãos tailandeses — e os corpos de oito pessoas. A segunda fase do acordo, que nunca chegou a ser implementada por impasses nas negociações, previa a soltura dos 59 cativos restantes (incluindo os 35 mortos, de acordo com estimativas de Israel) e a retirada total das forças israelenses da Faixa de Gaza. Outros 105 civis já haviam sido soltos na trégua de uma semana em novembro de 2023.
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Retomada dos bombardeios
A Suprema Corte de Israel emitiu uma liminar temporária na última sexta-feira, 21, congelando a decisão do governo do primeiro-ministro de demitir o chefe da agência de inteligência e segurança interna Shin Bet, Ronen Bar, em meio a protestos contra seu afastamento.
A ordem veio apenas horas depois de o gabinete do premiê votar para demitir Bar até, no máximo, 10 de abril, e permanecerá em vigor até que o tribunal possa ouvir as petições que foram apresentadas pela oposição de Israel. Trata-se da primeira vez na história do país que um líder do Shin Bet é demitido pelo governo, segundo a imprensa israelense.
Após a liminar da Suprema Corte, a procuradora-geral de Israel, Gali Baharav-Miara, anunciou que Netanyahu está proibido de nomear um novo chefe para a agência de inteligência ou até mesmo conduzir entrevistas para o cargo. Em seguida, o governo israelense aprovou uma moção de desconfiança contra Baharav-Miara, primeira etapa de um processo de destituição sem precedentes por parte do Poder Executivo.
Em resposta à decisão do Supremo, o ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, membro do partido de Netanyahu, o Likud, afirmou que os juízes não tinham o direito de interferir na decisão do governo.
“Bar terminará seu mandato em 10 de abril ou antes, com a nomeação de um chefe permanente do Shin Bet”, disse ele. “Vocês não têm autoridade legal para interferir nisso. Essa é a autoridade do governo. Seu pedido é nulo.”