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Presidente do Irã diz que morte de mulher presa deve ser investigada

Polícia alega que a jovem sofreu ataque cardíaco após ser presa por descumprir código de vestimenta; família suspeita que ela tenha sido torturada

Por Da Redação
23 set 2022, 11h00

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, disse nesta sexta-feira, 23, que a morte de Mahsa Amini, que ocorreu enquanto a jovem estava sob custódia da polícia moral, “certamente deve ser investigada”. O incidente provocou um onda de protestos por todo o país, afirmando que a mulher curda de 22 anos faleceu após ser agredida pelas forças de segurança.

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Em entrevista coletiva após seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, na quarta-feira, 21, Raisi disse que entrou em contato com a família de Amini, e que o caso está nas mãos do judiciário.

“Entrei em contato com a família dela na primeira oportunidade e garanti a eles que continuaríamos investigando firmemente esse incidente… Nossa maior preocupação é a salvaguarda dos direitos de todos os cidadãos”, afirmou.

O presidente iraniano lamentou a repercussão sobre a repressão policial aos protestos que varreram a República Islâmica após a morte da jovem. Dirigindo-se às autoridades presentes na reunião das Nações Unidas, Raisi argumentou que incidentes semelhantes ocorrem também em países como os Estados Unidos e Reino Unido.

“Todos os dias, em diferentes países, incluindo nos Estados Unidos, vemos homens e mulheres morrendo em confrontos policiais, mas não há sensibilidade sobre a causa e como lidar com essa violência”, acrescentou.

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O chefe de Estado pediu que o Irã fosse julgado pelo “mesmo padrão” do Ocidente em casos de mortes nas mãos das autoridades.

Grupos de direitos humanos estimam que pelo menos 36 pessoas tenham morrido em seis dias de protestos em resposta à morte de Amini, em 16 de setembro.

Masha Amini foi detida pela polícia de moralidade na região do Curdistão, em 13 de setembro, por supostamente usar de “maneira imprópria” o hijab, lenço que cobre a cabeça das mulheres islâmicas. A jovem faleceu três dias depois, sob custódia da polícia.

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Autoridades alegaram que jovem sofreu um ataque cardíaco na prisão. Contudo, ativistas e a família de Amini suspeitam que ela sofreu um golpe na cabeça que teria provocado um traumatismo craniano.

+ Irã planeja usar reconhecimento facial para fiscalizar uso de hijab 

Apesar de confirmar a versão policial, alegando que a perícia inicial aponta que a mulher morreu de insuficiência cardíaca ou derrame cerebral, e não por supostas agressões, o líder iraniano prometeu justiça para o caso.

“Se a morte dela foi por negligência, definitivamente será investigada, e prometo acompanhar a questão, independentemente dos fóruns internacionais se posicionarem ou não”, disse Raisi à imprensa.

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Os protestos que ocorrem há seis dias em mais de 12 cidades do Irã não têm liderança organizada. Embora o foco inicialmente tenha sido o direito das mulheres de não usarem o hijab em público, ou dos casos de agressão da polícia da moralidade, houve pedidos mais amplos por liberdade e até derrubada do regime.

Na quinta-feira 22, manifestantes indignados incendiaram delegacias e veículos em várias regiões do país. Na tentativa de conter os protestos, o governo do país desligou a internet em partes da capital, Teerã, e do Curdistão, além de bloquear o acesso a plataformas como Instagram e WhatsApp.

Em solidariedade à jovem morta por supostamente descumprir o tradicional código de vestimenta do país, mulheres iranianas foram às ruas para queimar seus lenços e cortar os cabelos.

O presidente do país, ex-chefe linha-dura do Judiciário acusado de enviar centenas de pessoas à morte no passado, disse que o Irã não tolerará “atos de caos”, mas disse que seu país aceita protestos legais.

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O judiciário ordenou que os tribunais mantenham linha dura com os manifestantes, alegando que os protestos estão sendo liderados por agentes estrangeiros e instigados por plataformas anti-iranianas nas redes sociais.

O exército iraniano disse na sexta-feira, 23, que “confrontaria os inimigos” para garantir a segurança, o aviso mais duro até agora para os manifestantes.

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