Os partidos Movimento 5 Estrelas (M5S) e Liga entraram em um acordo nesta quinta-feira (31) para reavivar a formação de um governo de coalização na Itália, em um desdobramento que poderia dar fim à crise política que chacoalhou mercados globais e levaria ao poder uma administração eurocética na terceira maior economia da zona do euro.
O novo governo terá Giuseppe Conte como premiê, o advogado e acadêmico pouco conhecido publicamente que foi a escolha consensual do M5S e da Liga em sua primeira tentativa de formar uma aliança para comandar o país.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, convocou Conte para uma reunião ainda hoje, às 21h (horário local, 16h de Brasília), em que se espera que peça novamente ao professor de Direito que forme um gabinete para governar.
Na primeira quinzena de maio, os dois partidos concordaram em se coligar e apresentaram a Mattarella uma lista com propostas de nomes para integrar o seu gabinete. Conte foi escolhido pelas duas siglas, que conquistaram a maior parte dos assentos nas eleições parlamentares, para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
No último domingo (27), contudo, o atual mandatário vetou a indicação do economista eurocético de 81 anos Paolo Savona ao cargo de ministro de Economia e Finanças. A rejeição se deve à preocupação de que as visões de Savona pudessem colocar em perigo a participação da Itália na zona do euro.
O veto de Mattarella abriu a possibilidade de que o país realizasse novas eleições, talvez ainda em julho. Mercados financeiros ficaram sacudidos pelos desdobramentos em Roma. Muitos investidores se viram acuados pela forte retórica antieuropeia do M5S e da Liga.
A crise fez com que Mattarella encarregasse outra pessoa para formar o governo. O chefe de Estado escolheu o economista e ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Carlo Cottarelli para formar um governo tecnocrata e transitório para aprovar os orçamentos e levar o país às eleições em 2019.
Porém, o novo acordo entre a Liga e o M5S minou a indicação de Cottarelli e trouxe à tona o nome de Conte mais uma vez. Professor de Direito Privado, ele deve aceitar o cargo e já apresentar sua lista de ministros.
(Com Estadão Conteúdo e EFE)