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Presidente turco ameaça travar abastecimento de comida a curdos

“Eles serão abandonados à própria sorte quando começarmos a impor sanções”, declarou Recep Erdogan

Por Gustavo Silva
26 set 2017, 11h57

O presidente turco, Recep Erdogan, aumentou o tom das ameaças sobre os desdobramentos do referendo curdo, e disse que caso seu país decida suspender o fluxo de petróleo e de caminhões com o norte do Iraque, os curdos do país irão “passar fome”.  A declaração foi dada nesta terça-feira, em um momento no qual tropas iraquianas participam de exercícios militares com o exército turco na fronteira dos dois países.

“Eles serão abandonados à sua própria sorte quando começarmos a impor sanções”, ameaçou o mandatário turco. “Será o fim quando fecharmos os oleodutos – todas as receitas deles irão desaparecer, e eles não serão mais capazes de encontrar comida quando nossos caminhões não seguirem mais para o norte do Iraque”. Desde segunda-feira, dia do referendo, a fronteira norte entre os dois países permite apenas a movimentação de carros da Turquia para o Iraque.

Erdgoan não descarta medidas militares contra os curdos iraquianos, e afirmou que todas as opções seguem sobre a mesa. “Eles não tem a menor ideia de como serem um estado, acham que vão se tornar um apenas dizendo que são. Isso não pode e não vai acontecer”, declarou.

No Irã, milhares de curdos invadiram as ruas das cidades de Baneh, Saghez e Sanandaj na noite de segunda-feira para celebrar o referendo dos curdos iraquianos. A demonstração popular, pouco comum no país, foi acompanhada por policiais iranianos, mas houve incidentes. O país também conduz exercícios militares em áreas próximas à fronteira com o Curdistão do Iraque.

Sem diálogo

O governo iraquiano não irá sentar à mesa de negociações com o Governo Regional do Curdistão para discutir os resultados e as implicações do referendo de independência realizado pelos curdos iraquianos nesta segunda-feira, de acordo com o primeiro-ministro do país, Haider al-Abadi.

“Não estamos prontos para discutir ou debater os resultados do referendo porque ele é ilegal”, disse Abadi em discurso na noite de segunda-feira, após o fechamento das urnas. Os resultados oficiais da votação ainda não foram divulgados pelo governo curdo, mas números não oficiais dão uma vitória esmagadora de 90% ao ‘sim’ pela independência. Segundo dados do órgão responsável pela supervisão do pleito, 78% das pessoas registradas participaram da consulta.

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“A maior parte dos problemas da região curda são internos e não com Bagdá, e eles irão crescer com os chamados pela separação”, analisou Abadi. “Os problemas econômicos e financeiros que afetam a região são o resultado da corrupção e má administração”.

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, lamentou que o referendo curdo tenha sido realizado. Em nota, o diplomata afirma que o pleito foi “declarado de maneira unilateral e incluiu áreas disputadas”, e foi rejeitado pelas autoridades iraquianas e pela comunidade internacional – apenas Israel manifestou apoio à consulta popular.

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