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Primeiros hondurenhos alcançam Tijuana, na fronteira México-EUA

Grupo de transexuais e homossexuais se adianta à caravana de emigrantes, que aperta o passo em território mexicano

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h03 - Publicado em 14 nov 2018, 21h58

Parte da caravana de emigrantes que deixou Honduras em direção aos Estados Unidos há um mês, quase 100 transexuais e homossexuais chegaram a Tijuana, na fronteira do México, no último domingo. Na terça-feira 13, outros 350 centro-americanos alcançaram a cidade, com a intenção de ingressar em território americano.

A marcha das caravanas acelerou vertiginosamente o seu passo nos últimos dias. Alguns centro-americanos tentaram passar para o outro lado. Emocionados, correram até a praia para tomar banho e colocavam a cabeça entre as grades metálicas da fronteira para vislumbrar o terreno sonhado.

Dois imigrantes chegaram a pular a alta cerca metálica que divide os dois países naquela região e escreveram na areia, do lado americano, a palavra “catracho”. Trata-se de uma palavra que significa “hondurenho”. Minutos depois, ele voltaram para o território mexicano.

O objetivo dos migrantes é convencer o governo americano a lhes dar o status de refugiados devido à extrema violência e pobreza em que vivem em seus países. Para consegui-lo, devem cruzar a fronteira pelos controles migratórios oficiais e, do lado americano, solicitar o refúgio, de acordo com um decreto assinado nesta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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“Sinto emoção porque era um desejo poder estar aqui, depois de cruzar todo o México”, disse o pedreiro, soldador e barbeiro Lester Velázquez, de 39 anos, de Comayagua, Honduras.

Velázquez e outros emigrantes observaram o morro Nido de las Águilas (Ninho das Águias), cortado por um trecho da cerca metálica, que divide o México dos Estados Unidos. “Espero fazer o mesmo ou o que for possível do outro lado”, acrescentou, ao ser perguntado sobre seus planos no país vizinho.

A centenas de quilômetros dali, o grosso da caravana, que deixou em 13 de outubro a cidade hondurenha de San Pedro Sula, acelerava o passo pelo estado mexicano de Sinaloa. Pela primeira vez, desde que começaram seu périplo, os cerca de 6.000 emigrantes hondurenhos não passaram a noite de terça-feira em um acampamento.

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Eles  chegaram no entardecer de terça-feira à guarita da estrada de La Concha, em Sinaloa, onde existe um grande estacionamento para os trailers que passam. Esse espaço, com banheiros e luz elétrica, poderia servir de acampamento. Mas os emigrantes preferiram enfrentar o intenso frio noturno e os riscos dos grupos armados do narcotráfico para continuar sua rota ao norte.

A próxima escala da caravana será Navojoa, em Sonora, um vasto estado fronteiriço com os Estados Unidos.

“Queremos chegar o quanto antes, o mais rápido possível. Estamos há mais de um mês fora do nosso país”, disse Saúl Rivera, salvadorenho de 40 anos, um dos primeiros a chegar a La Concha e a subir em um dos muitos ônibus oferecidos por um sacerdote local.

Orquestrando a complicada logística da operação junto com a polícia local, o padre Miguel Ángel Soto afirmou que o trajeto até Navojoa, de mais de nove horas de estrada, é “o mais longo que empreendeu de ônibus” desde que a caravana foi formada.

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Após terem percorrido 2.500 quilômetros desde Honduras, os emigrantes amanheceram nesta quarta-feira viajando nos ônibus de La Concha.

Com a iminente chegada da caravana, os Estados Unidos fecharam parcialmente, com barricadas e cercas de arame farpado, as guaritas fronteiriças de San Ysidro e Otay Mesa, que levam à Califórnia.

Em 9 de novembro, Donald Trump decretou o fim dos pedidos de refúgio para os que entram ilegalmente nos Estados Unidos, como tentativa de dissuadir os centro-americanos a prosseguirem rumo a seu país.

“Temos informações sobre isso, mas viemos na luta. Trump pode colocar o que quiser, mas para Deus não há obstáculos. Nem para nós”, desafiou Rivera, que em abril trabalhava como pedreiro e motorista em seu país.

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Apesar de sua fé, o sacerdote Soto é menos otimista: “Eles vão determinados, mas não vão passar. Será feito um afunilamento em Tijuana, que não está preparada para receber tantas pessoas”.

Queremos trabalhar

Trump chegou a chamou os emigrantes de “criminosos” e acusou a caravana de promover uma “invasão” a seu país. Também declarou publicamente que, entre os emigrantes haveria membros de grupos extremistas islâmicos interessados em ingressar nos Estados Unidos para cometer atentados. Para contê-los, enviou até 9.000 militares à fronteira sul, para engrossar as forças locais de segurança.

Victor de Leon, um emigrante guatemalteco que já está em Tijuana, disse que “99% dos integrantes da caravana são pessoas de bem”. Pai de família, ele tentou atravessar a fronteira 10 vezes. Para ele, como “os gringos diretamente não gostam de trabalhar”, cabem aos latinos serem a mão de obra do país.

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“Estamos esperando para fazer as coisas em paz, e que Donald Trump se dê conta da necessidade real que temos, que não estamos vindo para prejudicar, mas para encontrar uma oportunidade que nossos países nos negaram”, afirmou. “O que queremos é trabalhar. Roubar, não”, completou Rivera.

A caravana chegou a somar 7.000 integrantes, segundo as Nações Unidas. Mas muitos desistiram durante o caminho, até atingir os 6.011 que chegaram a Guadalajara, segundo dados das autoridades locais. Desse total, 902 são crianças.

Além dos hondurenhos, juntaram-se emigrantes de Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Peru e Venezuela. Esta grande caravana é seguida por outras duas à distância, com cerca de 2.000 migrantes cada uma.

(Com AFP)

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