O principal líder da oposição em Israel, Benny Gantz, comunicou ao presidente do país, Reuven Rivlin, nesta quarta-feira, 20, ser incapaz de formar um governo. O líder do partido Azul e Branco havia recebido o mandato para negociar uma coalizão no final de outubro, após o premiê Benjamin Netanyahu também fracassar na sua tentativa.
Gantz precisava do apoio de mais da metade dos 120 membros do Knesset, como é conhecido o Parlamento israelense. O Azul e Branco ganhou 33 assentos nas últimas eleições gerais, no dia 17 de setembro, e, logo, dependia de uma coalizão suprapartidária.
No mesmo pleito, o partido de Netanyahu, o Likud, elegeu 31 parlamentares. O premiê se encontrou com Gantz nesta quarta-feira para tentar negociar um governo de “união nacional”, que implicaria em ambos os partidos se revezarem no comando do governo.
Mas, Gantz e o Azul e Branco se recusam a formar um governo com Netanyahu enquanto ele for acusado de corrupção. O premiê é acusado pelo procurador geral israelense, Avichai Mandelblit, em três casos diferentes.
Embora o partido de Gantz tenha eleito mais parlamentares em setembro, foi Netanyahu o primeiro a receber — das mãos do presidente Reuven Rivlin — o mandato para tentar formar um novo governo. O premiê fracassou em sua tentativa no final de outubro.
Gantz anunciou o seu fracasso a quase quatro horas do seu prazo limite, que era a meia noite da quinta-feira, 21 (19h de quarta-feira no horário de Brasília).
Esta é a primeira vez na história de Israel, que foi fundado em 1948, que nenhum dos dois primeiros líderes partidários a receberem um mandato para formar um governo e assumir o cargo de premiê fracassam.
Com a persistência do impasse político, Israel entra em um período de 21 dias no qual qualquer um dos 120 membros eleitos para o Knesset pode se candidatar para tentar formar um governo. Ainda assim será preciso o apoio de 61 parlamentares.
Se ninguém conseguir formar um governo, novas eleições serão convocadas, que poderão ser as terceiras em menos de um ano — as primeiras realizadas nesse período ocorreram em abril. Nunca o país, fundado em 1948, passou por isso.
Há mais de sete meses, Israel está sem governo, o que limita o poder de legislar dos parlamentares eleitos e implica em diversos prejuízos ao Estado.
Segundo o jornal israelense Haaretz, Israel perdeu pelo menos 800 milhões de dólares (três bilhões de reais) com os salários dos parlamentares e a manutenção das duas eleições já realizadas entre abril e setembro.
Se o terceiro turno for convocado para até janeiro, o prejuízo total superará 1,3 bilhões de dólares (5 bilhões de reais).