O príncipe Andrew anunciou quarta-feira, 20, que não irá mais participar de compromissos públicos durante um “futuro próximo”, após o escândalo gerado por sua amizade com o empresário americano Jeffrey Epstein, acusado de agressão sexual e que foi encontrado morto na prisão em agosto.
“Perguntei a Sua Majestade se poderia me retirar das atividades públicas por tempo indeterminado, e ela me concedeu sua permissão”, anunciou o príncipe em comunicado. O segundo filho homem da rainha Elizabeth II reconheceu que sua ligação com Epstein acabou se tornando “um grande estorvo” para a família real e as associações de caridade que trabalham com a mesma.
O anúncio veio após Andrew perder o patrocínio de diversas empresas devido a uma entrevista concedida à emissora de televisão britânica BBC veiculada no sábado 16. A entrevista foi recebida como desastrosa pela opinião pública do país.
Andrew, que frequentava a casa de Epstein, foi acusado de abusar de uma jovem de 17 anos de idade. Segundo Virginia Roberts Giuffre, ela foi obrigada a manter relações sexuais com o duque de York no chão de uma casa em Londres.
Segundo Giuffre, os encontros sexuais foram promovidos por Epstein. Outra vitima disse que Andrew a tocou nos seios na casa do magnata, em 2001. O duque de York nega todas as acusações.
Sobre sua relação com o magnata, Andrew afirmou na nota divulgada nesta quarta que segue “lamentando sem rodeios minha relação errônea com Epstein”.
“Seu suicídio deixou perguntas sem resposta, principalmente para suas vítimas, e expresso minha compaixão mais profunda com qualquer um que tenha sido afetado e esteja buscando uma forma de virar a página”, disse.
Andrew também declarou que está disposto a “colaborar com as investigações junto a qualquer agência policial apropriada”, se necessário.
Abuso sexual e tráfico de menores
Conhecido por dar festas para grandes celebridades e políticos, Epstein começou a ser investigado em 2005 por pedofilia, em um caso que depois se expandiu para acusações de uso de prostitutas menores de idade e tráfico sexual de menores.
Acredita-se que o magnata tenha recrutado dezenas de meninas, algumas delas com menos de 15 anos de idade, e as levado para suas propriedades para sessões de massagens, durante as quais abusava das menores.
Em 2008, fechou um acordo de leniência com a Procuradoria da Flórida e foi condenado a treze meses de prisão após se declarar culpado de abusar de prostitutas menores de idade. Mas o caso foi reaberto, e o magnata acabou preso novamente em julho deste ano sob acusações federais de tráfico sexual de menores na Flórida e em Nova York.
A repercussão do caso Epstein rendeu a renúncia do Alexander Acosta, então secretário do Trabalho do Estados Unidos, no início de julho. Acosta era procurador federal na Flórida e foi o encarregado do acordo de leniência firmado em 2008, que muitos consideraram como vantajoso para o empresário.
Epstein foi preso em julho deste ano e tentou se suicidar no mesmo mês. Ele foi transferido para uma unidade prisional federal em Nova York onde deveria ficar sob vigilância constante dos funcionários, o que não ocorreu. No dia 10 de agosto seu corpo foi encontrado em sua cela com um lençol amarrado em seu pescoço.