Donald Trump “recorreu a crimes” e fez falsas alegações de fraude eleitoral após perder a eleição de 2020, afirmaram promotores federais em um documento judicial divulgado nesta quarta-feira, 3.
O texto argumenta que o ex-presidente ignorou o conselho de seu vice-presidente, Mike Pence, e de outros assessores, e que não possui direito à imunidade em relação às acusações decorrentes de sua tentativa frustrada de se manter no poder.
A petição foi apresentada pela equipe do advogado especial Jack Smith, após a Suprema Corte conceder ampla imunidade aos ex-presidentes por atos oficiais realizados durante o mandato.
Isso restringiu o alcance da acusação, que sustenta que Trump conspirou para reverter os resultados da eleição vencida pelo democrata Joe Biden.
O objetivo do documento é convencer a juíza do Distrito dos EUA, Tanya Chutkan, de que os crimes alegados são atos privados, não oficiais, e, portanto, podem continuar a fazer parte da denúncia à medida que o caso avança.
“Embora o réu fosse o presidente em exercício durante as conspirações acusadas, seu esquema era fundamentalmente privado”, disse a equipe de Smith. E acrescentou: “Quando o réu perdeu a eleição presidencial de 2020, ele recorreu a crimes para tentar permanecer no cargo.”
A investigação do Congresso, que se estendeu por meses, e a própria acusação já detalharam os esforços de Trump para anular a eleição.
No entanto, o processo traz relatos inéditos de assessores próximos a Trump, retratando um presidente “cada vez mais desesperado” que, ao perder o controle da Casa Branca, “usou o engano para manipular todo o processo eleitoral”.
Em um momento crítico, Trump teria respondido a um assessor que o alertou sobre o potencial perigo enfrentado por Pence, após uma multidão de apoiadores invadir o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021: “E daí?”, questionou.
Quando informado de que um advogado que apresentava suas contestações legais não conseguiria provar as alegações infundadas em tribunal, Trump respondeu: “Os detalhes não importam.”
Embora as chances de um julgamento ainda sejam incertas, especialmente se Trump vencer a presidência novamente e um novo procurador-geral decidir arquivar o caso, o documento serve como um roteiro para o depoimento que os promotores poderiam apresentar a um júri.