O Ministério Público Financeiro da França (PNF) pediu nesta terça-feira, 8, quatro anos de prisão, sendo dois em pena reduzida, para o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy em meio ao julgamento por corrupção e tráfico de influência.
O ex-mandatário de 65 anos, que governou a França de 2007 a 2012, é acusado de ter tentado subornar o então juiz Gilbert Azibert com um cargo no principado de Mônaco. Ele teria oferecido o posto em troca de informações confidenciais sobre um processo envolvendo fraude fiscal e irregularidades no financiamento de sua campanha presidencial de 2007.
O processo em questão, conhecido como caso Bettencourt e encerrado em 2013, teria sido “viciado” pela violação de informações que deveriam estar protegidas “de maneira absoluta”, disse a procuradora Céline Guillet.
A procuradora afirmou que uma conversa mostra “esmagadoramente” que Sarkozy ofereceu a Azibert o cargo em Mônaco, o qual o ex-magistrado nunca assumiu.
“Apenas promessa claramente formulada […] é suficiente para caracterizar as duas ofensas [corrupção e tráfico de influência]”, disse Guillet.
Os procuradores também pediram a mesma pena de quatro anos de prisão para os co-acusados, Azibert e o advogado habitual de Sarkozy, Thierry Herzog. Para esse último, o Ministério Público Financeiro pediu também uma proibição de cinco anos do exercício da profissão.
Sarkozy disse ao tribunal na segunda-feira 7 que “nunca cometeu o menor ato de corrupção” e prometeu ir “até o fim” para limpar seu nome.
As acusações de corrupção e tráfico de influência são passíveis de punição com penas de até 10 anos e multa de um milhão de euros (6,2 milhões de reais).
Este julgamento é inédito, já que Sarkozy é o primeiro ex-presidente da França desde a instauração da 5ª República francesa, em 1958, a se sentar fisicamente no banco dos réus.
Antes dele, apenas Jacques Chirac, seu antecessor e mentor político, foi julgado e condenado por desvio de dinheiro público quando era prefeito de Paris. No entanto, devido a problemas de saúde, ele nunca compareceu ao tribunal.
(Com AFP)