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Proposta britânica para mercado comum pós-Brexit não funcionará, diz UE

Futura relação comercial e fronteira da Irlanda bloqueiam negociações sobre separação entre Reino Unido e bloco europeu

Por Da Redação
20 set 2018, 14h48
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  • O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou nesta quinta-feira (20) que a proposta apresentada pelo governo do Reino Unido para a cooperação econômica com a União Europeia (UE) após o Brexit “não funcionará, porque arrisca minar o mercado comum” europeu.

    Ainda assim, Tusk afirmou que a discussão sobre o divórcio na cúpula informal realizada entre líderes europeus nesta quinta em Salzburg, na Áustria, foi “boa”.

    “Tem de ficar claro que há certas questões em que não estamos prontos para ceder, primeiro de tudo as nossas liberdades fundamentais e o mercado comum. É por isso que permanecemos céticos e críticos sobre essa parte do tratado de Chequers”, explicou o polonês, referindo-se ao futuro plano para o Brexit.

    Para a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, “não haverá acordo de saída sem uma solução ‘emergencial’ sólida, operacional e legalmente vinculante”, acrescentou.

    Tusk declarou estar hoje “um pouco mais otimista” sobre um desfecho positivo da negociação do Brexit do que “há três semanas”. “Mas não podemos excluir a possibilidade de um Brexit sem acordo”, reconheceu.

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    Por isso, ele confirmou que, se o cronograma de negociação se estender além de outubro – mês chamado pelo líder em Bruxelas de “momento da verdade” – e houver possibilidade de finalizar um acordo no mês seguinte, convocará uma reunião extraordinária para os dias 17 e 18 de novembro.

    Ao seu lado, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, buscou conferir tom mais ameno ao turbulento assunto. “Não é meu cenário-base, mas, se tivermos Brexit sem acordo, estamos preparados. Não se preocupam, sejam felizes”, arrematou.

    Tusk aumentou a pressão sobre o governo da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, dizendo que o tempo está se esgotando rapidamente para selar um acordo. Os britânicos deixarão a UE à meia-noite de 29 de março, mas os dois lados estão desesperados para chegar a um acordo nas próximas semanas a fim de que os parlamentares tenham tempo de ratificar qualquer acordo.

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    Posição francesa

    Após o encontro de hoje, o presidente da França, Emmanuel Macron, adotou uma postura dura contra o Reino Unido. Segundo ele, o Brexit foi vendido aos britânicos por “mentirosos” que não estão mais lutando por seu projeto de separação.

    O francês também enfatizou que a prioridade da União Europeia neste momento deve ser bloquear qualquer tentativa do Reino Unido de escolher os próprios termos para um acordo e exortou os outros líderes europeus a serem duros em suas posições contra Theresa May.

    Obstáculos

    Atualmente, o principal obstáculo para a conclusão de um pacto do Brexit é um acordo que manteria bens, serviços e pessoas fluindo livremente entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido. Os dois lados fizeram contraofertas nos últimos dias e espera-se que May exorte os líderes da UE a firmarem um compromisso.

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    A proposta de May não prevê checagens alfandegárias, mesmo que os dois lados não firmem um acordo de livre-comércio após a separação. O objetivo é evitar que uma fronteira física seja construída entre Irlanda e Irlanda do Norte.

    A futura relação comercial entre UE e Reino Unido e a fronteira da Irlanda são os temas mais urgentes, mas não os únicos que ainda estão sem solução. May nem sequer apresentou uma proposta concreta sobre como lidar com imigrantes europeus no Reino Unido, e de britânicos no continente.

    “Se quisermos chegar a uma saída positiva, da mesma forma que o Reino Unido mudou sua posição, a UE terá de evoluir na sua”, disse a premiê. “Estou confiante de que, com um pouco de boa vontade e de determinação, poderemos chegar a um acordo benéfico para as duas partes.”

    (Com Estadão Conteúdo)

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