Protestos contra o racismo voltam a tomar as ruas da Europa
Clima fica tenso em Londres, onde manifestantes enfrentaram ativistas da extrema-direita, que diziam proteger monumentos históricos
Desencadeadas a partir da morte de George Floyd, o americano negro asfixiado pelo joelho de um policial branco, no fim de maio, manifestações antirracismo voltaram a tomar as ruas de vários países da Europa neste sábado. Há registros de protestos em Paris, na França, em Praga, na República Tcheca, e nas cidades de Londres e Newcastle, na Inglaterra. Na capital inglesa, onde ativistas da extrema-direita foram para o mesmo local onde milhares de pessoas protestavam contra o racismo, a polícia precisou intervir e criar uma barreira para separar os dois grupos.
No Reino Unido, o líder do grupo de extrema-direita Britain First, Paul Golding, explicou que o objetivo da presença da presença deles na manifestação era proteger os monumentos históricos. Nos últimos dias, em meio as ações de repúdio ao racismo, algumas estátuas forma danificadas. Entre elas a de Edward Colston, um negociante que fez fortuna com o comércio de escravos no século 17. Hoje, a maior preocupação era em torno do monumento ao ex-primeiro ministro britânico, Winston Churchill, que já foi pichada com palavras como “Was a racista” (foi um racista).
Diante da tensão entre os manifestantes antirracismo e ativistas de extrema-direita, com agressões mútuas e garrafas sendo jogadas na direção da polícia, as autoridades locais impuseram um toque de recolher hoje, às 17h de Londres, quando os protestos devem ser cessados. Os dois grupos tiveram que ser separados pela força policial na Trafalgar Square, onde de um lado manifestantes cantavam “Black Lives Matter” e outros diziam insultos raciais. De acordo com as autoridades, algumas pessoas portavam armas.
De acordo com informações da Reuters, dentro e fora do Praça do Parlamento, muitas pessoas com camisas de futebol, bradando “Inglaterra, Inglaterra” e se descrevendo como patriotas, se reuniram junto à veteranos militares para guardar o memorial de guerra do Cenotaph. “Quem pensa que pode cometer um crime ou vandalizar propriedades será preso”, declarou o comandante Bas Javid, por meio de um comunicado oficial.
Em Paris, milhares de manifestantes também tomaram as ruas para protestar contra o racismo e a violência policial. Em meio à multidão, na Place de La Republique, alguns cartazes chamavam a atenção, como “Espero não ser morto por ser negro hoje”. Outro fazia um alerta as autoridades: “Se você semeia injustiça, colhe uma revolta”. A discussão em torno do tema ganhou força também em outras cidades da França, sobretudo nos subúrbios mais carentes, onde grupos de diretos humanos fazem acusações de tratamento brutal por parte da polícia aos imigrantes. Os protestos foram acompanhados por um grande aparato policial.
Na República Tcheca, as manifestações se concentraram em Praga, onde centenas de pessoas, de joelhos e com os punhos para o alto, protestaram contra o racismo e a brutalidade policial. Não ocorreram confrontos.