Protestos da oposição em Moçambique terminam com 3 mortos e 66 feridos
Onda de protestos violentos começou em 9 de outubro, quando uma eleição denunciada por fraude deu vitória ao partido que governa o país africano desde 1975
O Hospital Central de Maputo, maior centro médico de Moçambique, disse nesta sexta-feira, 8, que pelo menos três pessoas foram mortas e 66 ficaram feridas durante confrontos na véspera entre a polícia e manifestantes, que protestavam contra uma suposta fraude na eleição do mês passado que deu vitória ao partido governista.
“Dos 66 feridos, 57 foram possivelmente causados por armas de fogo, quatro por quedas, três foram feridos por agressão física e dois foram feridos por armas brancas”, disse Dino Lopes, diretor do serviço de emergência para adultos do hospital. A maioria das vítimas tinha entre 25 e 35 anos, com outras com apenas 15 anos, acrescentou ele durante uma coletiva de imprensa.
Acusações de fraude
Os protestos de quinta-feira 7 foram os maiores até agora. Mas atos anteriores da oposição, que ocorrem desde o pleito de 9 de outubro já haviam feito pelo menos 18 mortos. Alguns grupos afirmam que o número de vítimas fatais é ainda maior: o Centro de Democracia e Direitos Humanos de Moçambique registrou 34 no total.
No centro da polêmica está o partido Frelimo, que governa o país do sul da África desde 1975 e foi declarado vencedor da eleição do mês passado por uma vitória esmagadora. Grupos da sociedade civil e observadores internacionais avaliaram que a votação não atendeu aos padrões democráticos, e o Conselho Constitucional do país solicitou esclarecimentos à comissão eleitoral sobre discrepâncias na contagem de votos.
Violência policial
Na quinta-feira, milhares de pessoas foram às ruas da capital de Moçambique, Maputo, gritando “A Frelimo deve cair”. Manifestantes fizeram barricadas nas ruas com pneus em chamas e atiraram pedras contra a polícia.
De acordo com a agência de notícias Reuters, os agentes revidaram disparando armas na direção da multidão, sem apontar diretamente para os manifestantes.
A polícia de Moçambique foi acusada no passado por grupos de direitos humanos de usar munição real, ao invés de balas de borracha, contra manifestantes políticos. O ministro do Interior do país, Pascoal Pedro João Ronda, defendeu a resposta das forças de segurança à onda mais recente de protestos, dizendo que era necessário restaurar a “a lei e a ordem”.