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Protestos e violência marcam Dia Nacional da Espanha

Cerca de 65.000 pessoas protestaram em Barcelona contra a tentativa de independência da Catalunha

Por Da redação
12 out 2017, 21h19

Confrontada com a crise política mais séria desde o retorno da democracia, em 1977, com o desejo dos separatistas da Catalunha de selar a independência da região, o clima não é de festa na Espanha. Em plena crise catalã, a celebração nesta quinta-feira do Dia Nacional da Espanha, aniversário da chegada de Cristóvão Colombo à América, foi marcada por protestos que levaram milhares de pessoas às ruas, com cenas de violência.

O primeiro-ministro Mariano Rajoy e o rei Felipe VI participaram do tradicional desfile militar ao longo da avenida do Paseo de la Castellana em Madri, mas a morte de um piloto no acidente de seu Eurofighter depois de participar do show aéreo do feriado nacional azedou ainda mais as comemorações.

Ao mesmo tempo em que acontecia a parada militar, milhares de pessoas marchavam pelas ruas de Barcelona, ​entoando mensagens hostis aos líderes separatistas. “Puigdemont na prisão”, gritavam os manifestantes, em referência ao presidente regional Carles Puigdemont, que organizou no dia 1º de outubro um referendo de autodeterminação da Catalunha, apesar da oposição de Madri.

Um confronto entre manifestantes que arremessaram cadeiras entre si, perto da Plaza de Catalunya, no centro da cidade, deixou um policial ferido, de acordo com o jornal Independent, e teve de ser apartado pelas autoridades. Segundo o jornal, a estimativa é que 65.000 pessoas tenham se reunido na capital catalã para exigir a unidade do país contra tentativas de independência.

Os opositores do movimento independentista desejavam mostrar que “a Catalunha não pertence” aos separatistas, de acordo com as palavras de Laura Peña, vendedora de 26 anos que participava da passeata em Barcelona.

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“Todos os anos, saímos com a bandeira espanhola no dia do feriado nacional, e hoje temos mais uma razão que é a de defender a unidade nacional. A independência da Catalunha afetaria todos nós, não apenas os que vivem na Catalunha”, acrescentou Raquel Martinez, uma estudante de 18 anos nascida na Andaluzia (sul).

A crise mobiliza, também, a extrema-direita: cerca de 350 radicais queimaram bandeiras separatistas em um pequeno protesto em Barcelona.

 

Declaração controversa

Na terça-feira, o presidente catalão deixou em suspenso a declaração de independência da região para tentar abrir um diálogo com o governo espanhol, em um discurso controverso ao Parlamento catalão. Logo em seguida, Puigdemont, seu governo e os deputados separatistas, majoritários no Parlamento catalão, assinaram uma declaração escrita de independência, que segundo o porta-voz do Executivo regional, Jordi Turull, foi um “ato simbólico”.

Sobre o pronunciamento de Puigdemont, o premie espanhol disse que foi algo “absolutamente lamentável”. “Não há ninguém aqui que possa pensar que o que aconteceu ontem no Parlamento da Catalunha (…) foi algo normal, razoável e próprio de um país democrático”, disse Rajoy.

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O governo espanhol recebeu o apoio do Partido Socialista, principal partido de oposição, antes de acionar o Artigo 155 da Constituição. “O Artigo 155 é uma disposição bastante ampla, pode-se modulá-lo e isso certamente é o que o governo vai fazer em uma ação orientada pela prudência e proporcionalidade”, garantiu o ministro das Relações Exteriores, Alfonso Dastis, acrescentando: “Esperamos que não haja necessidade de usar a força”.

Ultimato

Na quarta-feira, Madri deu um ultimato ao presidente separatista e estabeleceu um prazo até a próxima segunda-feira, às 10h00 (05h00 de Brasília) para que ele “esclareça” sua posição sobre a independência. Se Puigdemont persistir, o governo estenderá o prazo até quinta-feira, 19 de outubro, às 10h00, antes de tomar medidas concretas segundo o Artigo 155 da Constituição, com a possível suspensão total ou parcial da autonomia de uma região.

A medida seria considerada por muitos catalães como uma afronta e poderia provocar distúrbios nesta região muito ligada a sua língua e cultura, e cuja autonomia foi restabelecida após a morte do ditador Francisco Franco (1939-1975).

Rajoy tem apoio da maioria do Parlamento nacional, inclusive do líder da oposição, o Partido Socialista, que também conseguiu um compromisso dos conservadores para estudar uma reforma constitucional que melhore as relações com esta região.

Não se descarta também a prisão de Carles Puigdemont e de sua comitiva como parte de um inquérito judicial já aberto por sedição. Madri já havia tomado uma medida excepcional em setembro, colocando as finanças da Catalunha sob tutela, e muitas empresas, preocupadas com a incerteza jurídica, retiraram sua sede da região.

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Na noite desta quinta-feira, a influente associação separatista Assembleia Nacional Catalã (ANC) pediu a Puigdemont por meio de comunicado que ponha fim à suspensão da declaração de independência, que não teria sentido “considerando a recusa do Estado espanhol a qualquer proposta de diálogo”; comunicado.

Referendo

A tensão entre Catalunha e Madri aumentou desde a organização do referendo proibido pela Justiça, marcado pela violência policial. A organização Human Rights Watch criticou, nesta quinta, a brutalidade contra os manifestantes pacíficos que estavam concentrados em colégios eleitorais.

Os separatistas afirmam ter vencido o referendo com 90% dos votos e uma participação de 43%, números não verificáveis na ausência de uma comissão eleitoral independente.

Desde então, dezenas de empresas – algumas emblemáticas, como o CaixaBank – transferiram suas sedes para fora da Catalunha e a agência de classificação Standard&Poors alertou para o risco de “recessão” se a crise continuar.

(com AFP)

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