O presidente russo, Vladimir Putin, alertou a Ucrânia nesta quinta-feira (7) para “consequências muito sérias para o Estado ucraniano” se Kiev iniciar uma ação militar contra rebeldes pró-Moscou no leste da Rússia durante a Copa do Mundo, que começa na semana que vem.
Zakhar Prilepin, escritor russo que aconselha os rebeldes da região separatista de Donetsk, que tem apoio de Moscou, pediu a Putin para comentar a possibilidade de a Ucrânia iniciar uma ação militar durante o torneio, ao participar de um programa de perguntas e respostas ao vivo na televisão com o presidente.
“Espero que não haja nenhuma provocação, mas, se acontecer, acho que teria consequências muito sérias para o Estado ucraniano em geral”, disse Putin.
A Rússia vai sediar a Copa do Mundo entre 14 de junho e 15 de julho em 11 cidades, inclusive Rostov-on-Don, situada a cerca de 100 quilômetros da fronteira com a Ucrânia.
Mais de 10.000 pessoas morreram desde abril de 2014 em um conflito que opõe forças ucranianas e separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia. Confrontos intermitentes persistem, apesar de um cessar-fogo nacional e esforços de paz diplomáticos.
Economia
Também durante sua maratona de perguntas e respostas na televisão ao vivo, Putin tentou tranquilizar os russos a respeito dos rumos da economia.
Putin, que se reelegeu com facilidade em março, usa a conversa anual por telefone com cidadãos desde 2001 para se apresentar como alguém que resolve problemas internos resolutamente e defende os interesses da Rússia com firmeza no palco global.
Críticos dizem que o evento, realizado antes da Copa do Mundo, é uma encenação concebida para que os russos tenham uma válvula de escape e a sensação fugaz de que podem influenciar uma burocracia inflexível.
Putin e seus assessores dizem se tratar de uma ferramenta indispensável para avaliar o sentimento público e se inteirar dos problemas reais do povo.
“Estamos indo na direção certa”, disse Putin. “Estamos em uma trajetória de crescimento econômico estável. Sim, é um crescimento modesto, mas não está diminuindo”.
Putin disse a um homem que ligou do volante do caminhão que concorda com ele que os preços dos combustíveis estão subindo rápido demais. “É inaceitável”, disse Putin. O Banco Central russo prevê um crescimento econômico de 1,5 a 2% neste ano.
Neste ano, Putin dispensou a plateia de estúdio costumeira, respondeu perguntas por mensagem de texto e vídeo e se mostrou pronto a enviar ordens em tempo real a governadores regionais, ministros de governo e chefes de estatais que foram exibidos em telões sentados diante de suas mesas à espera de suas instruções.
Membros do público encaminharam cerca de 2 milhões de perguntas, segundo a TV estatal, muitas delas disponíveis em um site criado para a ocasião.
(Com Reuters)