O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou neste sábado, 2, que o país também abandonará o tratado de controle de armas nucleares assinado com os Estados Unidos em 1987, durante a Guerra Fria, após Washington ter informado ontem que deixará o acordo.
O Departamento de Estado americano alega que as negociações para obrigar Moscou a abandonar mísseis e lançadores falharam. Funcionários do governo de Donald Trump indicaram por meses que estavam dispostos a deixar de lado o pacto e, na quinta-feira 31, as discussões entre os dois países para salvar o acordo fracassaram.
O governo russo acusa a administração dos Estados Unidos de fazer acusações falsas para justificar sua retirada.
No coração da disputa está a recusa da Rússia em destruir o míssil Novator 9M729. Moscou insiste que ele é totalmente compatível com o tratado, mas os americanos afirmam que o armamento viola os termos do pacto.
Neste sábado, Washington iniciará o processo formal de retirada, que deve durar cerca de seis meses. A Rússia teria a opção de reverter o curso durante esse período caso aceitasse as exigências americanas para destruir tanto seus mísseis quanto lançadores.
Agora pela manhã, Putin acrescentou que seu país desenvolverá novas armas nucleares de médio alcance, mas só as empregará se Washington fizer o mesmo. Disse também que a retirada do governo russo do tratado se dará dentro de seis meses, assim como anunciado pelo governo americano.
Assinado pelo presidente Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, o pacto foi saudado como um tratado histórico que sinaliza o fim da Guerra Fria.
Segundo estimativas feitas pela Federação de Cientistas Americanos (FAS), os Estados Unidos possuem atualmente 6.550 ogivas nucleares, das quais 1.350 estão posicionadas em locais estratégicos, e a Rússia 6.850 ogivas, entre elas 1.444 posicionadas.
(Com Estadão Conteúdo)