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Putin deve proclamar anexação de territórios da Ucrânia nos próximos dias

Tribuna com telões gigantes foram montados em Moscou e outdoors foram espalhados por toda a Rússia; países ocidentais prometem novas sanções

Por Matheus Deccache 28 set 2022, 19h00
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  • A Rússia começou a se preparar nesta quarta-feira, 28, para proclamar oficialmente a anexação das regiões separatistas da Ucrânia após divulgar os registros de votos que mostram o apoio da população local à medida. Na Praça Vermelha, em Moscou, uma tribuna com telões foi montada enquanto outdoors foram espalhados dizendo “Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson são da Rússia”.

    + Putin sobe o tom e dá sinais de que a guerra está longe de acabar

    É esperado que o próprio presidente, Vladimir Putin, faça um pronunciamento proclamando a anexação dentro dos próximos dias. Ao longo das últimas semanas, o líder russo endureceu o discurso sobre as regiões ao endossar os referendos, ordenar uma mobilização parcial de 300.000 reservistas e ameaçar utilizar armas nucleares caso fosse necessário. 

    Nesta quarta, as administrações responsáveis pelas quatro províncias pediram formalmente a Putin que as incorpore à Federação Russa, o que as autoridades do país sugeriram ser um ato de formalidade.

    “Os resultados são claros. Bem-vindo ao lar, à Rússia!”, disse Dmitry Medvedev, ex-presidente que atua como vice-presidente do Conselho de Segurança, no Telegram, após a divulgação dos resultados.

    + Rússia declara vitória em referendos ‘ilegais’ na Ucrânia

    Autoridades locais apoiadas pelo Kremlin disseram ter realizado os referendos ao longo dos últimos cinco dias nas regiões separatistas, que representam cerca de 15% de todo o território ucraniano. 

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    De acordo com relatos de moradores que deixaram as províncias nos últimos dias, pessoas foram forçadas pelo Exército russo a votar a favor da anexação sob a mira de armas. Em resposta, o governo russo diz que a votação ocorreu de acordo com as leis internacionais e que houve grande participação. 

    + União Europeia propõe oitava rodada de sanções contra Rússia

    O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, procurou reunir apoio de aliados ocidentais para impedir a conclusão da anexação, incluindo Reino Unido, Alemanha, Canadá e Turquia. 

    Em ligação ao primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, o líder ucraniano disse que o mundo não deve se curvar ao que chamou de “chantagem nuclear” da Rússia e que “o agressor deve entender claramente todas as consequências de sua irresponsabilidade”.

    Nesta quarta, os Estados Unidos disseram que estão trabalhando com aliados e parceiros para impor rapidamente custos econômicos severos a Moscou. Ao mesmo tempo, a União Europeia também propôs uma nova rodada de sanções, mas precisa de aprovação dos 27 países-membros para entrar em vigor. 

    O líder russo em Donetsk, Denis Pushilin, disse que estava a caminho da capital russa para concluir o processo legal de ingresso na Rússia e afirmou que agora há uma movimentação para um novo estágio de ação militar, o que significa que Putin deve tratar a guerra como uma “operação antiterrorista”.

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    O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscou precisa continuar lutando até assumir o controle total de Donetsk. Atualmente, cerca de 40% do território ainda está sob controle ucraniano e tem sido palco de grandes confrontos. 

    + Autoridade de segurança da Rússia especula sobre ataque nuclear à Ucrânia

    A anexação das quatro regiões separatistas faz parte de uma enorme estratégia de escalada anunciada por Putin na última semana, que se complementa com a mobilização parcial e a fala sobre armas nucleares que, segundo ele, não se trata de um blefe. 

    Especialistas apontam que o movimento pode trazer uma nova dinâmica para a guerra, uma vez que a legislação russa prevê o uso de armas nucleares contra países que atacarem diretamente algum território do país. 

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