Em meio a um isolamento diplomático capitaneado pelo Ocidente, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu em Moscou nesta terça-feira, 22, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, para a inauguração de um monumento em homenagem ao líder cubano Fidel Castro. Durante o encontro, amplamente simbólico, ambos prometeram aprofundar a amizade entre as nações atingidas duramente por sanções ocidentais.
“O presidente @DiazCanelB e o presidente russo Vladimir Putin homenageiam o Comandante Fidel Castro Ruz, no monumento dedicado à sua memória”, escreveu a conta oficial da Presidência de Cuba no Twitter.
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Em um vídeo publicado no site do Kremlin, Putin e Díaz-Canel fizeram discursos enquanto guardas militares russos cercavam a estátua de bronze, colocada em um praça da capital russa.
“É uma verdadeira obra de arte – dinâmica, em movimento, avançando. Cria a imagem de um lutador”, disse Putin.
Já Díaz-Canel afirmou que a estátua “reflete a personalidade de Fidel na luta, como nos encontramos hoje na luta”. Pouco depois, em suas redes sociais, o presidente cubano disse que “jamais esqueceremos a mão estendida da Rússia toda vez que precisamos”.
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A estátua de Fidel em Moscou é um forte contraponto às decisões tomadas em solo cubano. O líder cubano, que assumiu o Estado em 1959, depois de tirar o ditador Fulgencio Batista do poder, não é homenageado com estátuas em sua terra natal porque seu irmão Raul, que também comandou o país, disse querer evitar um culto à personalidade depois da morte de Fidel, em 2016.
No entanto, Putin evocou a estátua em sua memória ao dizer a Díaz-Canel que os dois países precisavam construir sobre a “base sólida de amizade” estabelecida entre Castro e os líderes soviéticos.
Fidel Castro, que morreu aos 90 anos em 2016, desafiou um embargo incapacitante dos Estados Unidos e dezenas de planos de assassinato durante seu meio século de governo na ilha. O bloqueio americano acontece desde 1962, quando o cubano liderou uma revolução comunista, muito inspirada nos movimentos da União Soviética.
Conectando a sua história, Putin elogiou Cuba por defender sua soberania, traçando paralelos com as sanções ocidentais impostas à Rússia em conexão com sua campanha militar na Ucrânia.
“A União Soviética e a Rússia sempre apoiaram e continuam até hoje a apoiar o povo cubano em sua luta pela independência e soberania. Sempre nos posicionamos contra qualquer tipo de restrição, embargo, bloqueio e assim por diante. Sempre apoiamos Cuba no cenário internacional e vemos que Cuba assume a mesma posição em relação à Rússia”, disse Putin.
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Em agosto deste ano, para tentar driblar a crise econômica mais grave em décadas, Cuba anunciou que permitirá a entrada de investidor estrangeiros em seu comércio atacadista e varejista pela primeira vez em 60 anos. A medida derruba uma política de Fidel da década de 1960 de nacionalizar o varejo.
Agora, a nova lei de investimento estrangeiro reconhece que o governo centralizado do país não pode resolver sua escassez de bens essenciais sem financiamento do exterior.
De acordo com a nova política, serão priorizados os negócios com sede em Cuba há vários anos. Autoridades do governo disseram que empresas que vendem tecnologias e equipamentos de energia verde, e possam aumentar a produção doméstica, serão priorizadas.
O governo também acrescentou que, a princípio, não haverá concorrência de mercado.