Putin elogia ‘posição equilibrada’ de Xi sobre Ucrânia e frisa apoio mútuo
Presidente russo condenou 'provocações' dos EUA à Pequim, enquanto o líder chinês ofereceu apoio à Rússia sobre a Ucrânia
O líder chinês Xi Jinping se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin nesta quinta-feira, 15 em uma demonstração de apoio diplomático. O primeiro encontro entre os chefes de Estado desde o início da guerra na Ucrânia reforça o apoio mútuo entre Rússia e China sobre as tensões com países do Ocidente.
O encontro ocorreu no Uzbequistão, país da Ásia Central, durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, um grupo regional focado em segurança que também inclui Índia, Paquistão e outros quatro países do continente asiático.
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A mídia estatal russa informou que Putin condenou as “provocações” dos Estados Unidos, que tem realizado exercícios militares conjuntos com Taiwan, ilha diplomática autônoma que a China reivindica como seu território. O líder russo também criticou Washington pela visita da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, a Taipei em agosto.
Além disso, o presidente russo aproveitou a ocasião para manifestar sua apreciação pela “posição equilibrada” da China sobre o conflito na Ucrânia.
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Em meio às sanções ocidentais que buscaram punir Moscou, a China não só se recusou a condenar a invasão russa como também intensificou a assistência econômica ao seu vizinho, impulsionando o comércio bilateral a níveis recordes.
Em sua primeira viagem fora das fronteiras da China em mais de dois anos, Xi também ofereceu seu apoio à Rússia num momento em que soldados russos se retiram em massa do nordeste da Ucrânia, perdendo mais território em uma semana do que conquistaram em cinco meses de guerra.
Em uma demonstração simbólica de força e unidade, as marinhas russa e chinesa realizaram patrulhas e exercícios conjuntos no Oceano Pacífico poucas horas antes da reunião de seus líderes, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
Putin é um dos poucos líderes mundiais com os quais Xi se encontrou pessoalmente desde o início de 2020. O líder russo viajou a Pequim para as Olimpíadas de Inverno em fevereiro deste ano, quando os dois líderes estruturaram sua parceria “sem limites” e divulgaram um documento de 5.000 palavras expressando sua oposição compartilhada à nova expansão da Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos que conta com novas adesões, Finlândia e Suécia.
A viagem de Xi à Ásia Central apenas algumas semanas antes de ele tentar garantir um terceiro mandato como líder da China representa um esforço para apresentar-se como uma figura forte, por meio de um retorno ao cenário mundial.
Especialistas afirmam que a reunião no Uzbequistão oferece a ele a oportunidade de mostrar que, apesar das crescentes tensões com o Ocidente, Pequim ainda tem amigos e parceiros e está pronta para reafirmar sua influência global.