O presidente Vladimir Putin assinou um decreto nesta quarta-feira, 25, que simplifica o processo de pedidos de cidadania russa para os moradores das regiões de Kherson e Zaporizhzhia na Ucrânia, ocupadas pela Rússia. A medida marca mais um passo em direção à “russificação” das duas regiões no sul do país, parcialmente dominadas pelo exército de Putin.
De acordo com informações da agência de notícias russa RIA, o decreto já estava em vigor para quem vivia nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, onde Moscou emitiu cerca de 800.000 passaportes desde 2019, e foi ampliado para novos territórios. A Rússia reivindicou o controle total da região de Kherson e detém partes da região de Zaporizhzhia, ao nordeste da Ucrânia.
Kherson foi a primeira cidade ocupada pelos russos, em 3 de março, após o início da ofensiva contra a Ucrânia em 24 de fevereiro. A área é estratégica para o Kremlin, já que permitiria uma ponte terrestre ligando a Rússia à península da Crimeia, território anexado por Moscou em 2014.
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Após a invasão de Kherson, o governador ucraniano foi deposto e substituído por um prefeito não-eleito pró-Rússia. No início deste mês, o governo paralelo disse que planejava pedir a Putin para incorporar a região à Rússia até o final de 2022.
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A Ucrânia prometeu reconquistar todo o seu território apreendido. O conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelesnky, Mykhailo Podolyak, descartou qualquer possibilidade de ceder territórios como forma de obter um cessar-fogo.
“Qualquer concessão à Rússia não é um caminho para a paz, mas uma guerra adiada por vários anos. A Ucrânia não comercializa nem sua soberania, nem territórios e ucranianos que vivem neles”, disse Podolyak em seu perfil no Twitter.
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Um levantamento realizado por pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev entre 13 e 18 de maio apontou que 82% dos moradores do país são contra a cessão de qualquer parte do seu território como parte de um eventual acordo de paz com a Rússia, mesmo que isso prolongue a guerra e ofereça riscos à sua independência.
A pesquisa, divulgada na terça-feira, 24, revelou que 77% dos ucranianos que vivem em território ocupado pela Rússia se opuseram a qualquer concessão de terras, enquanto apenas 10% dos entrevistados acharam aceitável abrir mão de territórios para dar fim à guerra.