O presidente russo, Vladimir Putin, parabenizou Donald Trump pela vitória nas eleições dos Estados Unidos e se colocou à disposição para restabelecer as relações diplomáticas entre Moscou e Washington. Em discurso nesta quinta-feira, 7, Putin disse que qualquer esforço para normalizar os laços entre os dois países e buscar soluções para a guerra na Ucrânia “merece atenção”.
“Não vejo problema em conversar com Trump. Se alguns líderes mundiais desejam restaurar os contatos, não sou contra. Estamos prontos para restabelecer relações com os EUA, mas a bola está com eles”, afirmou Putin. O presidente russo ainda elogiou a postura que Trump teve durante as duas tentativas de assassinato que sofreu durante a campanha presidencial.
Apesar de enfatizar a importância do diálogo, o presidente russo foi claro ao destacar que ainda há incertezas sobre como Trump conduzirá sua política externa em seu segundo mandato, principalmente no que diz respeito à crise ucraniana.
Após as declarações de Putin, Donald Trump, que ainda não teve contato direto com o presidente russo após sua vitória, afirmou que espera que isso aconteça em breve. O ex-presidente reiterou sua crença de que as relações com a Rússia podem ser melhoradas e que as negociações devem ser conduzidas de forma construtiva.
Trump e a Guerra na Ucrânia
Durante a campanha, Trump afirmou que seria capaz de encerrar a guerra na Ucrânia rapidamente, embora não tenha detalhado como alcançaria esse objetivo. Ele também reiterou sua intenção de estabelecer um “relacionamento muito bom” com Putin, o que gerou especulações sobre o impacto de sua vitória nas relações internacionais, especialmente com a Rússia.
Putin comentou sobre as declarações de Trump, destacando que as ideias do republicano sobre a restauração das relações com a Rússia e a resolução da crise ucraniana mereciam “pelo menos atenção”. O presidente russo também comentou a tentativa de assassinato contra Trump, quando o republicano levou um tiro de raspão na orelha. “Trump se comportou de maneira corajosa, como um homem de verdade”, disse Putin, elogiando a postura de seu colega.
Zelensky rejeita concessões a Moscou
Enquanto Putin indicava abertura para uma aproximação com Washington, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou qualquer proposta de concessão à Rússia. Zelensky afirmou que qualquer tentativa de ceder às exigências de Putin seria um “suicídio” para a Europa. Em declarações firmes, o líder ucraniano disse que a Europa não deve permitir que a Rússia obtenha vantagens em negociações que envolvam compromissos com a soberania da Ucrânia.
Expansão da Otan
Putin aproveitou para criticar a expansão da Otan, acusando os países ocidentais de nunca terem tratado a Rússia como uma parceira igual desde o colapso da União Soviética. Ele apontou que a ampliação da aliança militar liderada pelos Estados Unidos em direção às fronteiras russas foi uma das principais causas do agravamento das tensões entre as duas potências.
“É inútil tentar nos pressionar”, afirmou Putin, sublinhando que, apesar da oposição ocidental, a Rússia continua disposta a dialogar com os Estados Unidos e outras nações, desde que seus interesses legítimos sejam respeitados. “Estamos sempre prontos para negociar, com total consideração pelos interesses mútuos”, acrescentou o presidente russo.
Relação com a China e a política nuclear
Além de se oferecer para restabelecer os laços com os EUA, Putin enfatizou a aliança estratégica com a China, destacando que Moscou e Pequim compartilham interesses comuns em várias questões internacionais, incluindo segurança e economia.
Em relação à política nuclear, Putin demonstrou cautela quanto às futuras negociações sobre desarmamento, afirmando que aguardará para avaliar como o novo governo dos Estados Unidos abordará essas questões, de modo a garantir a estabilidade do equilíbrio nuclear global.
A expectativa é que a relação entre os dois países passe por um processo de reavaliação, especialmente considerando o histórico recente de tensões, como as acusações de interferência russa nas eleições de 2016 e o apoio de Trump ao governo de Moscou durante seu primeiro mandato. A guerra na Ucrânia, que já dura mais de dois anos, continuará a ser um ponto central nas relações internacionais, principalmente com a intensificação dos combates e a crescente pressão sobre os aliados da Ucrânia, como os Estados Unidos e os países da União Europeia.
O futuro das relações EUA-Rússia dependerá não só das ações do novo governo norte-americano, mas também das reações da Ucrânia e dos países europeus, que já expressaram preocupação com qualquer proposta de concessão à Rússia que prejudique a soberania ucraniana ou a estabilidade da região.