Putin pede cooperação brasileira e dos Brics contra ‘egoísmo’ do Ocidente
Presidente russo também denunciou líderes ocidentais por utilizarem meios financeiros 'para responsabilizar todos por seus próprios erros'
A Rússia está pronta para ampliar ainda mais a cooperação multilateral com Brasil, Índia, China e África do Sul e promover o papel global dos países que formam os Brics, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, em reunião online nesta quinta-feira, 23, entre os líderes do grupo. A cooperação, segundo ele, ajudaria e enfrentar as “ações egoístas” do Ocidente, em referência clara às duras sanções a Moscou por conta da invasão à Ucrânia.
“Apenas com base em uma cooperação honesta e vantajosa para todos poderemos encontrar uma saída para esta situação de crise que afeta a economia mundial devido às ações egoístas e imprudentes de alguns países”, disse durante a cúpula virtual.
Em seguida, ele denunciou as tentativas de países ocidentais de utilizar meios financeiros “para responsabilizar todos por seus próprios erros na política macroeconômica”.
“Para que os países dos Brics assumam um papel de liderança, hoje é mais necessário do que nunca elaborar uma política unificadora e positiva, a fim de criar um sistema verdadeiramente multipolar”, completou.
A 14ª edição da Cúpula dos Brics, que reúne os países de mercado emergente, começou nesta quinta-feira sediada pela China. Em maio, durante a última reunião entre os chanceleres das nações, os chineses propuseram a expansão dos Brics e a sugestão foi bem recebida pelos outros membros, embora nenhum anúncio oficial sobre quem poderiam ser esses novos membros tenha sido feito.
As declarações de Moscou em torno das sanções, incluindo pedidos de apoio, não são necessariamente novas. Em abril, a Rússia pediu o apoio do Brasil no Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e G20 para conter as debilitantes sanções impostas pelo Ocidente, de acordo com uma carta obtida pela agência de notícias Reuters.
Ao Brasil, de acordo com a agência, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, escreveu ao ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, pedindo apoio brasileiro “para impedir acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais”.
“Nos bastidores, uma iniciativa está em andamento no FMI e no Banco Mundial para limitar ou mesmo expulsar a Rússia de processos decisórios”, afirmou Siluanov no documento.
Autoridades europeias alertam que a economia russa está “entrando em colapso” por conta das medidas econômicas. No começo deste mês, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, afirmou que o corte de importações do gás e petróleo russo está afetando fortemente o desempenho da Rússia na guerra.
Nos países aliados que participam das sanções, as exportações para a Rússia caíram 53% em relação aos meses anteriores, enquanto a queda entre os Estados neutros ou pró-Rússia foi de 45%, segundo o ministro.
“Putin ainda está recebendo dinheiro, mas… o tempo está correndo contra a Rússia”, disse ele.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, principal fornecedor de gás da Europa, levou a União Europeia a repensar suas políticas energéticas. Antes da guerra, a Rússia fornecia 40% do gás do bloco e 27% de seu petróleo importado. Como estratégia para romper com sua dependência de combustíveis fósseis russos, o bloco lançou um plano de investimento de 210 bilhões na transição de países europeus para a energia verde até 2027.