O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira, 8, aos soldados que lutam na guerra da Ucrânia vai concorrer novamente à Presidência nas eleições de 2024. A decisão permitiria que o mandatário permaneça no poder até pelo menos 2030.
Depois que Putin concedeu aos veteranos de guerra da Ucrânia a mais alta honraria militar da Rússia, a estrela dourada de Herói da Rússia, um tenente-coronel chamado Artyom Zhoga, comandante do Batalhão Esparta, pediu ao presidente que concorresse novamente. Em seguida, Zhoga disse que estava muito feliz com a decisão do presidente.
“Não vou esconder que tive pensamentos diferentes em momentos diferentes, mas agora é hora de tomar uma decisão”, disse Putin a Zhoga e aos outros soldados condecorados. “Vou concorrer ao cargo de presidente.”
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Vitória garantida
Putin, um ex-espião da KGB, recebeu a presidência de Boris Yeltsin no último dia de 1999 e já serviu como líder do país por mais tempo do que qualquer outro governante da Rússia desde Josef Stalin, superando até mesmo o mandato de 18 anos de Leonid Brezhnev. Para ele, a eleição é uma formalidade, já que tem o apoio do Estado, dos meios de comunicação estatais e quase nenhuma dissidência pública.
Os políticos da oposição encaram as eleições como um teatro para esconder a ditadura corrupta da Rússia de Putin. Porém, seus apoiadores rejeitam essa análise, apontando para algumas sondagens independentes que mostram que o presidente tem um índice de aprovação superior a 80%.
Os russos acreditam que Putin restaurou a ordem e parte da influência que o país perdeu durante o caos do colapso da União Soviética. Se for eleito, o mandatário de 71 anos prolongará a sua liderança a 24 anos, embora com um período formal de oito anos como primeiro-ministro.
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Guerra na Ucrânia
Mesmo sem concorrência real nas eleições, Putin enfrenta o maior desafio da nação desde a queda da URSS. A guerra na Ucrânia desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962 e sanções ocidentais abalaram a economia russa.
Putin também teve que lidar com uma revolta fracassada do mercenário mais poderoso da Rússia, Yevgeny Prigozhin, em junho. Prigozhin morreu em um acidente de avião dois meses depois do motim. Desde então, Putin reforçou o seu controle.
O Ocidente classifica o líder russo como um criminoso de guerra e um ditador, que conduz uma apropriação de terras de estilo imperial na Ucrânia. Já Putin diz que o conflito faz parte de uma luta muito mais ampla com os Estados Unidos que, segundo a elite do Kremlin, visa separar a Rússia, tomar os seus vastos recursos naturais e depois se voltar contra a China.