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Quase 30 anos depois de genocídio em Ruanda, acusado começa a ser julgado

Ex-prefeito de Gikongoro, refugiado na França há anos, é acusado de persuadir milhares de pessoas a se refugiarem em escola onde seriam então assassinadas

Por Da Redação Atualizado em 9 Maio 2022, 23h15 - Publicado em 9 Maio 2022, 18h19
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  • Quase 30 anos depois do genocídio em Ruanda, um dos piores massacres étnicos da história, Laurent Bucyibaruta, ex-prefeito ruandês, foi a julgamento em Paris, nesta segunda-feira, 9. As audiências devem durar dois meses e terão a presença de mais de 100 testemunhas, incluindo sobreviventes, que participarão presencialmente e virtualmente.

    Bucyibaruta, de 78 anos, chegou à audiência em uma cadeira de rodas, o que deve limitar as sessões a sete horas por dia. O ex-político estava refugiado na França desde 1997, sob supervisão judicial, e ativistas vinham fazendo pressão para que a Justiça do país agisse contra os suspeitos do massacre.

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    Ele é acusado de ser cúmplice no genocídio de 1994, que matou mais de 800.000 tutsis e hutus moderados em cerca de 100 dias. Além disso, também sofre acusações de genocídio e crimes contra a humanidade.

    O réu era prefeito de Gikongoro, região no sul de Ruanda agora chamada de Nyamagabe, onde foi acusado de persuadir milhares de pessoas a se refugiarem na Escola Técnica de Murambi, com a promessa de que lá elas estariam seguras. Dias depois, dezenas de milhares de tutsis foram assassinados no local, em dos episódios mais terríveis do genocídio.

    O ex-prefeito nega as acusações de envolvimento no genocídio e seus advogados disseram que pedirão que o caso seja arquivado por atrasos injustificados, já que o processo começou há 22 anos. Se não funcionasse, a defesa pediria a absolvição de Bucyibaruta, afirmaram em depoimento à agência de notícias AFP.

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    Caso seja condenado, receberá uma sentença de prisão perpétua. No centro do caso estão várias reuniões de “segurança”, ordenadas por Bucyibaruta ou nas quais ele participou. A acusação diz que eles estavam em sessão para planejar a chacina.

    Ao todo, quatro pessoas em três casos já foram condenadas em tribunais franceses pelo genocídio: um ex-motorista de hotel condenado a 14 anos, um oficial do Exército condenado a 25 anos de prisão e dois prefeitos condenados a prisão perpétua.

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    A França está envolvida no caso porque, segundo historiadores, o presidente à época, François Mitterrand, e seu governo fecharam os olhos diante da campanha violenta do governo hutu, que Paris apoiava na época. O posicionamento do país europeu levou inclusive a uma ruptura nas relações diplomáticas com Kigali entre 2006 e 2009.

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    No ano passado, em viagem a Ruanda, o presidente Emmanuel Macron chegou a reconhecer “as responsabilidades” francesas no genocídio. Segundo ele, seu país “não foi cúmplice”, mas “durante demasiado tempo prevaleceu o silêncio sobre o apuramento da verdade”.

    O presidente ruandês Paul Kagame saudou o discurso como um “importante passo em frente no sentido de uma compreensão comum do que aconteceu”.

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