O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou a afirmar nesta quarta-feira, 1, que não vai permitir a entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), porque o país permitiu protestos onde pessoas queimaram o Alcorão, livro sagrado do Islã.
Erdogan ainda repetiu, em um discurso aos legisladores do seu partido, que que a visão da Turquia sobre a adesão da Finlândia à organização era positiva, “mas não é positivo sobre a Suécia, isso deve ser explicitado”.
Após a invasão da Rússia à Ucrânia, Suécia e Finlândia romperam o histórico de não-alinhamento militar ao solicitar uma adesão conjunta à Otan. A Turquia, contudo, travou a aprovação do pedido devido a conflitos com Estocolmo.
O governo sueco recusou o pedido de Ancara para extraditar dezenas de curdos, acusados por Erdogan de serem militantes foragidos após de uma tentativa fracassada de golpe em 2016.
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Um recente protesto de ativistas anti-islâmicos na Suécia contribuiu para aumentar a tensão entre os países: manifestantes queimaram cópias do Alcorão em Estocolmo (e também em Copenhague, na Dinamarca). O governo sueco buscou se distanciar dos protestos, mas afirmou que estavam protegidos pela liberdade de expressão.
Ulf Kristersson, primeiro-ministro sueco, chamou os manifestantes de “idiotas úteis” para as potências estrangeiras que não desejam que o país ingresse na Otan, mas não chegou a citar nomes.
“Vimos como atores estrangeiros, até mesmo atores estatais, usaram essas manifestações para inflamar a situação de uma forma que é diretamente prejudicial à segurança sueca”, disse Kristersson, na terça-feira 31, a repórteres.
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Em resposta ao posicionamento sueco, Erdogan garantiu que não tem interesse em permitir a adesão de Estocolmo à aliança.
“Suécia, nem tente! Enquanto você permitir que meu livro sagrado, o Alcorão, seja queimado e rasgado, e você o fizer junto com suas forças de segurança, não diremos ‘sim’ à sua entrada na Otan”, argumentou o líder turco.
Ancara ressaltou que teria menos problema com a entrada da Finlândia, caso os processos sejam julgados separadamente.
“[A Turquia] vai, é claro, reconsiderar a adesão da Finlândia separadamente e de forma mais favorável, posso dizer”, disse Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores da Turquia.