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‘Quem brinca com fogo morre queimado’, diz China após atos em Hong Kong

Pequim alertou manifestantes pró-democracia a não subestimarem ‘imenso poder’ do governo central depois de dia de greves e caos

Por Da Redação
6 ago 2019, 09h37

A China fez nesta terça-feira, 6, a advertência mais dura até agora aos manifestantes de Hong Kong, que desafiam há dois meses o regime comunista, e afirmou que não devem subestimar o “imenso poder” do governo central de Pequim.

“Deve ficar muito claro para o pequeno grupo de criminosos violentos e sem escrúpulos: quem brinca com fogo morre queimado”, afirmou Yang Guang, porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau.

Um dia depois de uma jornada de caos na megalópole do sul da China, com uma greve geral e perturbações nos meios de transporte que acabou com 148 detidos, o governo de Pequim elevou o tom com a esperança de convencer os manifestantes pró-democracia a voltar para casa.

“Nunca subestimem a firme determinação e o imenso poder do governo central”, declarou Yang, que voltou a acusar os militantes pelos distúrbios. “No fim serão punidos”, insistiu.

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Quase ao mesmo tempo, os manifestantes falaram pela primeira vez à imprensa em Hong Kong para, segundo eles, “apresentar um contrapeso ao monopólio do governo sobre o discurso político a respeito do tema”.

Com máscaras no rosto e vestidos com camisa preta e um capacete amarelo de operário, traje emblemático dos protestos, três membros do movimento pró-democracia, que não tem nenhum líder designado pelo temor de represálias, afirmaram que decidiram conceder a entrevista coletiva “pelo povo, para o povo”.

“Pedimos ao governo que devolva o poder ao povo e responda aos pedidos dos cidadãos de Hong Kong”, declararam, lendo comunicados em inglês e em cantonês.

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Manifestantes de Hong Kong em coletiva
Manifestantes pró-democracia de Hong Kong participam de coletiva de imprensa usando máscaras e capacetes para não serem identificados – 06/08/2019 (Vanessa YUNG/AFP)

A advertência de Pequim foi a mais contundente feita desde o início dos protestos, em junho, contra um projeto de lei que permitira a extradição de habitantes de Hong Kong para a China.

O projeto foi suspenso, mas os manifestantes exigem a retirada definitiva do texto e a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam. Também pedem o fim definitivo da influência chinesa sobre a ex-colônia britânica.

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Yang reiterou o apoio de Pequim a Carrie Lam e à polícia de Hong Kong na repressão aos protestos. O governo chinês, que não tolera protestos na China continental se negou até o momento a intervir em Hong Kong.

Na semana passada, no entanto, o exército chinês divulgou um vídeo que mostrava cenas de soldados reprimindo um protesto em Hong Kong.

Em virtude do acordo de retrocessão assinado com o Reino Unido em 1984, a ex-colônia britânica continua gozando de liberdades inexistentes no continente. Mas os manifestantes afirmam que temem uma erosão das liberdades ante a crescente influência do poder chinês na megalópole de 7 milhões de habitantes.

Em tese, o exército chinês, que conta com milhares de soldados em Hong Kong, não deve interferir nos assuntos do território. Mas o comandante do batalhão recordou na semana passada que a lei autoriza uma intervenção para restabelecer a ordem, a pedido das autoridades locais.

Tal intervenção reavivaria o fantasma da repressão do Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989. O número exato de vítimas deixado pela reposta chinesa aos protestos estudantis daquele ano ainda hoje é desconhecido, mas estima-se algo entre 1.000 e 10.000 mortos.

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Uma repressão de Pequim às manifestações em Hong Kong também poderia provocar uma catástrofe financeira em um dos maiores mercados da Ásia.

Na segunda-feira à tarde, após a greve geral, foram organizadas sete manifestações simultâneas. Um desafio para as forças de segurança após dois meses de protestos. A polícia usou gás lacrimogêneo em pelo menos quatro pontos da cidade, especialmente nas proximidades do Parlamento local.

Após os distúrbios do fim de semana, os manifestantes bloquearam na segunda-feira no horário de pico diversas estações de metrô para impedir a saída dos trens.

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As autoridades anunciaram que usaram mais de 1.000 cilindros de gás lacrimogêneo e 160 balas de borracha desde o início do movimento, em 9 de junho.

(Com AFP)

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