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Quem é favorito para ser o novo papa, segundo vaticanista e o ‘Espírito Santo’

Para o jornalista Francesco Antonio Grana, a disputa pelo papado está entre dois italianos e um americano

Por Cinthia Rodrigues, de Roma
Atualizado em 29 abr 2025, 08h39 - Publicado em 29 abr 2025, 08h36

O jornalista vaticanista Francesco Antonio Grana, do jornal italiano Il Fatto Quotidiano, compartilha suas impressões sobre o atual conclave que se segue à morte do papa Francisco, marcando uma diferença importante em relação ao conclave de 2013, quando Bento XVI havia renunciado. Grana comenta o clima em Roma, a presença da imprensa internacional, a polarização entre “bergoglianos” e “antibergoglianos” e os desafios da continuidade das reformas iniciadas por Francisco. Ele também analisa os principais nomes cotados para suceder o pontífice, como os cardeais Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa, e relembra, com emoção, o lado afetuoso do Santo Padre, que o telefonava todo ano no dia de seu aniversário. Por fim, reflete sobre a liberdade com que os cardeais passaram a se expressar após a morte de Francisco e as implicações desse momento para o futuro da Igreja.

Você é Francesco Antonio Grana, jornalista vaticanista do jornal Il Fatto Quotidiano. Há quanto tempo você trabalha no jornal?
Desde 2013.

Este é o seu primeiro conclave?
Não, é o segundo.

Qual a diferença entre o conclave anterior e este?
A principal diferença é que, no conclave anterior, não houve a morte e o funeral de um papa. Bento XVI havia renunciado, foi para Castel Gandolfo (residência de verão do pontífice, a 20 minutos do Vaticano) e acompanhou os trabalhos de longe. Já neste caso, tivemos a morte e o funeral do papa Francisco. Portanto, este evento ocorre com o falecimento do papa, algo muito diferente.

E como está o clima em Roma, com tantos jornalistas e influenciadores cobrindo esse momento?
Em 2013, havia cerca de 6.000 jornalistas cobrindo o conclave. Agora, foram quase 3.000 no funeral do papa Francisco. Espero que esse número aumente nos próximos dias com a proximidade do anúncio do sucessor, mas ainda está abaixo do número de 12 anos atrás.

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Há uma grande discussão sobre conservadores e progressistas. Isso é real ou mais fruto da imaginação?
Há bastante verdade. Nesta sede vacante, vemos claramente a divisão entre “bergoglianos” e “antibergoglianos”. Francisco concentrou muito poder em si, e isso transformou até a discussão teológica em algo muito pessoal. Mesmo após sua morte, ele continua no centro do debate.

O papa Francisco foi um líder muito centralizador?
Sim, todas as decisões — grandes ou pequenas — passavam por sua mesa. E isso causou um enfraquecimento da estrutura da Cúria Romana, que agora demonstra dificuldade em reagir à sua ausência. Isso não aconteceu com outros papas, como João Paulo II ou Bento XVI, cuja estrutura permaneceu firme mesmo diante de doenças ou renúncia.

E sobre o processo de reforma iniciado por Francisco? O que se discute?
A grande dúvida é: continuar esse processo ou parar e refletir? Iniciar de novo é importante, mas também é necessário guiá-los. Essa será uma decisão do próximo pontificado.

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Em fevereiro, quando o papa Francisco foi internado no Hospital Gemelli, você escreveu um artigo sobre possíveis papáveis. Pode falar sobre isso?
Sim, em 16 de fevereiro, 48 horas após a internação de Francisco, já falávamos sobre uma possível disputa entre Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa. Hoje esse embate permanece, o que mostra que já havia sinais de que o papa poderia morrer em breve e que esses dois seriam nomes fortes.

Por que justamente Parolin e Pizzaballa?
Porque muitos cardeais criados por Francisco não se conhecem entre si. Já Parolin, por ter sido secretário de Estado, e Pizzaballa, por ser patriarca latino de Jerusalém, têm enorme visibilidade. Podemos adicionar também o nome de Robert Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, que também é muito conhecido no episcopado mundial.

Há chance de surpresa, como aconteceu com o papa Francisco?
Sim. Há 12 anos, todos apostavam em Angelo Scola, que liderou a primeira votação. Mas Bergoglio, que ficou em segundo, surpreendeu na segunda e se tornou papa. Algo parecido pode acontecer. Se dependesse apenas do Espírito Santo, Parolin já seria papa.

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Você é napolitano e mora em Roma. Quantas vezes falou com o papa Francisco?
Centenas de vezes.

E ele era uma pessoa afetuosa, certo?
Sim, muito. Decidi não divulgar muitos detalhes pessoais nesse período, mas há uma lembrança que compartilho: sentirei falta de um papa que me ligava no dia do meu aniversário para me dar os parabéns. Como meu aniversário é em poucos dias, provavelmente coincidirá com o primeiro Angelus do novo papa, e sentirei muito essa ausência. Ele não só me ligava, mas lembrava quantos anos eu fazia e qual era a diferença de idade entre nós — 50 anos.

Há algo mais que gostaria de dizer sobre este momento?
Eu imaginava que a morte do papa provocaria muitas críticas dos cardeais, mas esperava que isso ocorresse gradualmente. No entanto, muitos se sentiram livres para falar abertamente logo após sua morte. Francisco já dizia que havia quem desejasse sua morte e conspirava contra ele. Embora isso seja normal para alguém idoso e doente, ele interpretava como uma vontade de arquivar seu pontificado e retroceder. Essa leitura era equivocada, como vemos agora: os cardeais falam com clareza — inclusive com críticas — mesmo os que lhe foram próximos durante seu pontificado.

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