Quem é Miguel Díaz-Canel, novo presidente de Cuba
Assembleia Nacional cubana escolhe substituto de Raúl Castro em transição orquestrada e simbólica para a política da ilha
O número dois do governo de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi indicado como candidato único para suceder Raúl Castro na Presidência, segundo anunciado nesta quarta-feira (18) na sessão da Assembleia Nacional do país.
Miguel Díaz-Canel Bermúdez, um civil de 57 anos e primeiro-vice-presidente desde 2013, assumirá o cargo que foi da família Castro pelas últimas décadas.
Após o triunfo da revolução em 1959 e a eleição de Fidel Castro como presidente em 1976, Cuba vivenciou uma única transição real: em 2006, quando Fidel, doente, passou o comando do país ao irmão mais novo.
Fidel Castro faleceu no final de 2016 e agora é Raúl, de 86 anos, que cederá seu assento a um representante da nova geração.
Díaz-Canel é engenheiro eletrônico, funcionário do Partido Comunista de Cuba desde sua juventude, professor universitário e, desde 1994, primeiro secretário do PCC em sua província natal, Vila Clara.
Foi Ministro da Educação de 2009 a 2012 e é o primeiro líder nascido depois do triunfo da Revolução de 1959 a alcançar o cargo de primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, o órgão executivo da ilha, presidido por Raúl Castro.
“Ele é jovem, mas se esforçou para progredir dentro do Partido Comunista. Parece alguém capaz de se conectar mais com as pessoas, ser mais aberto”, diz Alana Tummino, diretora sênior de política da organização Americas Society/Council of the Americas, que promove o debate e o desenvolvimento social na América. Apesar disso, defende a continuidade do sistema de partido único e a centralização da economia.
Desafios
A expectativa ao redor do novo presidente, o primeiro que não carrega o sobrenome Castro em quase 60 anos e não é militar, é grande. “Não é um novo rico ou um candidato improvisado”, declarou Raúl no domingo, ao apresentá-lo publicamente ao novo cargo.
Díaz-Canel terá muito menos poder nas mãos do que Raúl ou Fidel Castro, que comandou o país por quase cinquenta anos, mas enfrentará grandes desafios. A maior preocupação de grande parte dos cubanos é a economia debilitada.
O novo líder deverá decidir se seguirá com a promessa de unificação das duas moedas nacionais que circulam no mercado, feita pelo governo anterior. Também deverá lidar com a pressão para acabar com as taxas de câmbio preferenciais para empresas estatais – que são maioria na ilha – e geram distorções na economia.
(Com AFP e Reuters)