Quem é o motorista que atropelou manifestantes em Charlottesville
James Alex Fields Jr. estava em alta velocidade quando atingiu um grupo de pessoas que protestava contra a marcha de extrema-direita
James Alex Fields Jr., de 20 anos, foi acusado de homicídio depois de ter atropelado um grupo de pessoas que protestavam contra a marcha de extrema-direita realizada em Charlottesville, Virgínia, nos Estados Unidos. O veículo em alta velocidade causou a morte de Heather Heyer, de 32 anos, e deixou pelo menos mais 30 pessoas feridas.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um automóvel escuro atinge violentamente a traseira de outro veículo e, em seguida, retrocede velozmente entre os manifestantes. A mãe de Fields Jr., Samantha Bloom, disse à imprensa de Ohio que sabia que o filho planejava ir ao evento, mas que desconhecia sua posição extremista e o havia aconselhado a “agir pacificamente”. Fields Jr. chegou a fugir da cena do crime, mas logo foi encontrado pela polícia de Charlottesville
A marcha “Unite the Right” (Unir a Direita) foi organizada como protesto pela retirada de uma estátua em homenagem ao general confederado Robert E. Lee, que liderou as forças sulistas durante a Guerra Civil americana. Vários dos manifestantes da extrema-direita levavam suásticas e entoavam gritos nazistas. Entre eles estava David Duker, ex-líder do Ku Klux Klan, o mais conhecido grupo supremacista branco da história dos Estados Unidos.
O procurador-geral americano, Jeff Sessions, denunciou o episódio: “A violência e as mortes em Charlottesville agridem o coração da lei e da Justiça americana”, destacou. “Quando se produzem fatos de tamanha intolerância racial e de ódio, traem-se nossos valores fundamentais, e não podem ser tolerados”, insistiu
O FBI anunciou a abertura de uma investigação de direitos civis sobre o caso.
Declaração de Trump
O fato de o presidente Donald Trump não ter criticado grupos da ultradireita provocou críticas, inclusive de membros do Partido Republicano. “É muito importante para a nação ouvir o presidente dos Estados Unidos descrever eventos em Charlottesville pelo que eles são, um ataque terrorista de supremacistasbrancos”, tuitou o senador pela Flórida, Marco Rubio.
O senador veterano Orrin Hatch, de Utah, também tuitou: “Devemos chamar o diabo pelo nome. Meu irmão não deu a vida lutando contra Hitler por suas ideias nazistas para que elas fossem aceitas aqui em casa.”
O senador Ted Cruz pediu que o fato seja investigado como “um ato de terrorismo doméstico”.
Neste domingo, a Casa Branca esclareceu que a condenação pelo presidente americano da violência e do ódio pelos confrontos de ontem na manifestação na Virgínia inclui os “supremacistas brancos”.
“O presidente disse, da forma mais enérgica, em suas declarações de ontem, que condena todas as formas de violência, fanatismo e ódio. Isto inclui, evidentemente, supremacistas brancos, neonazistas, o Ku Klux Klan e todo tipo de grupo extremista”, garantiu um porta-voz do Executivo.
Estado de emergência
O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, decretou estado de emergência, pedindo o não comparecimento ao protesto, e a polícia proibiu a manifestação.
Em meio a nuvens de gás lacrimogêneo, os confrontos entre manifestantes da direita radical e contramanifestantes se multiplicavam antes do início da mobilização, com brigas, lançamento de projéteis e pauladas.
Neste clima de alta tensão, o temor de acontecimentos mais graves aumentava, porque os manifestantes portavam armas, o que é permitido por lei no estado da Virgínia.
(Com France-Presse)