Meses antes de entrar na Coreia do Norte sem autorização, e ser preso na fronteira na terça-feira, 18, o soldado norte-americano Travis King, de 23 anos, enfrentou duas acusações de agressão e foi multado por um tribunal da Coreia do Sul por danificar uma viatura policial, de acordo com uma decisão judicial e um advogado que participou do processo.
De acordo com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, King cruzou a fronteira “deliberadamente e sem autorização” durante uma viagem de orientação à Área de Segurança Conjunta (JSA) na fronteira entre as duas Coreias.
“Acreditamos que ele está sob custódia (norte-coreana) e, portanto, estamos monitorando e investigando de perto a situação e trabalhando para notificar os parentes mais próximos do soldado”, disse Austin.
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No casos julgados na Coreia do Sul, King se declarou culpado por agressão e destruição de bens públicos, sendo condenado a pagar US$ 4 mil, o equivalente a cerca de R$ 19 mil.
Na ocasião, o soldado deu vários socos no rosto de um homem em uma boate, mas o caso foi encerrado. Em seguida, duas semanas depois, quando foi interrogado por policiais, King continuou demonstrando seu “comportamento agressivo”.
Os policiais o colaram no banco de trás de uma viatura, onde ele gritou palavrões e insultos contra os coreanos. Durante um ataque de fúria, ele quebrou a porta do carro com chutes.
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Autoridades dos EUA disseram que ele foi transportado pelos militares ao aeroporto para retornar à sua unidade de origem nos Estados Unidos, quando decidiu atravessar a fronteira. Um oficial disse que ele passou sozinho pela segurança até o portão e depois fugiu.
De acordo com eles, passeios civis pela zona desmilitarizada (DMZ) são anunciados no aeroporto e King parece ter decidido participar. Porém, seus motivos ainda permanecem desconhecidos.
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Alguns militares americanos afirmaram que o soldado deveria enfrentar uma ação disciplinar dos militares dos EUA. Não ficou claro se isso estava relacionado ao incidente em que ele foi multado pela justiça sul-coreana.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que cuida dos laços com o Norte, disse que todas as viagens a Panmunjom foram canceladas indefinidamente a pedido do Comando da ONU. Porém, o fim da estrada antes da ponte controlada pelos militares que leva à DMZ estava lotada de turistas.
Até o momento, a mídia estatal da Coreia do Norte não fez nenhuma menção ao incidente, mas analistas acreditam que isso pode ser usado como uma propaganda valiosa para Pyongyang.
O incidente na fronteira ocorreu quando membros do governo da Coreia do Sul e dos EUA realizaram a primeira rodada de negociações para melhorar a coordenação no caso de uma guerra nuclear com Pyongyang.
Os Estados Unidos prometeram enviar mais ativos estratégicos, como porta-aviões, submarinos e bombardeiros de longo alcance para a Coreia do Sul. A decisão provocou uma resposta furiosa da Coreia do Norte, que prometeu intensificar sua força na região.