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Quem é Vladimir Putin, o presidente e homem mais poderoso da Rússia?

Líder alterna entre os cargos de primeiro-ministro e presidente há 18 anos e irá permanecer no comando do país até pelo menos 2024

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jun 2018, 18h44 - Publicado em 14 jun 2018, 16h32

Após a abertura da Copa do Mundo 2018, na Rússia, o presidente Vladimir Putin fez um discurso falando sobre a felicidade russa em estar sediando pela primeira vez “esse grandioso evento” e destacou o papel de união que o evento tem entre os países.

“Independentemente das diferenças de idioma, ideologia, raça ou qualquer outro tipo, estamos unidos pelo esporte e os valores do esporte”, disse Putin. Ele afirma que devemos aproveitar o esporte para fortalecer os laços de “paz e união entre países”.

As declarações fazem referência direta aos conflitos diplomáticos nos quais Putin se envolveu nos últimos meses. Além do escândalo do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal em Londres, que colocou todo o mundo ocidental contra a Rússia, o país ainda desagradou muitas nações com sua interferência na guerra na Síria e a anexação da Crimeia.

A política conduzida por Putin permanece a mesma após 18 anos à frente do governo russo. O presidente agrada grande parte de sua população com um discurso nacionalista e de rejeição aos valores ocidentais. Dessa forma, possui uma aprovação quase inimaginável para qualquer líder democrático: mais de 80%.

O maior evento recebido pela Rússia desde a era soviética –quando os Estados Unidos e outros boicotaram os jogos de 1980 em Moscou por causa da invasão do Afeganistão— colocará em foco como a Rússia, desde o colapso caótico do socialismo, ressuscitou sua economia e sua rígida ordem social sob o comando do ex-agente da KGB.

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Quem é Putin?

O nome completo do presidente é, na verdade, Vladimir Vladimirovich Putin. Ele nasceu em São Petersburgo, na época chamada de Leningrado, em outubro de 1952.

Estudou direito na Universidade Estatal de São Petersburgo e serviu por quinze anos como agente de inteligência da KGB, a principal organização de serviços secretos da União Soviética. Durante este período desenvolveu suas habilidades em artes marciais, principalmente em judô.

Aposentou-se em 1990, com o posto de tenente-coronel, e logo depois tornou-se conselheiro do primeiro prefeito democraticamente eleito de São Petersburgo, Anatoly Sobchak, que foi seu professor e grande mentor político.

Em 1994 foi eleito vice-prefeito e em 1996 mudou-se para Moscou para trabalhar para a Presidência. A partir daí ganhou a confiança do ex-presidente Boris Iéltsin, que o nomeou como diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB, o sucessor da KGB) em 1998, e logo depois secretário do influente Conselho de Segurança.

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Em 1999, chegou ao cargo de primeiro-ministro. Embora ainda fosse desconhecido pela população, seus índices de aprovação dispararam quando ele lançou uma operação militar bem organizada contra os rebeldes secessionistas na Chechênia.

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(Arte/VEJA)

Logo em seguida, em 2000, foi eleito presidente. Sua ascensão aconteceu em um momento muito específico da história russa, o fim da desastrosa década de 1990.

Seu antecessor, Boris Iéltsin, assumiu a Presidência com grandes promessas de modernização e crescimento após a queda da União Soviética em 1991. Sua era, contudo, foi de grande decepção e dificuldades para os cidadãos da maior nação do planeta — com colapso econômico, inflação altíssima, queda na expectativa de vida, desastre na saúde pública, alta criminalidade e surgimento de oligarquias. Já era de se esperar que a transição do comunismo para uma economia capitalista não seria simples, mas as expectativas da população eram muito altas.

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E então veio a era Putin. O presidente nacionalizou as grandes companhias de petróleo que haviam sido privatizadas e reconquistou o poder das mãos dos oligarcas. Os anos que se seguiram foram de grande crescimento econômico, em larga medida por conta da valorização do preço do barril de petróleo – principal base da economia russa – no mercado mundial nos anos 2000.

O caixa do governo foi usado para investir no setor humano e pela primeira vez uma classe média começou a emergir. Com maior estabilidade econômica e política, a vida dos cidadãos melhorou consideravelmente e o presidente ganhou todos os créditos pela mudança.

Contudo, com a crise global de 2008, a economia russa voltou a enfrentar grandes problemas, e Putin, novas cobranças. Contudo, ele tinha outra grande carta na manga quando retornou à Presidência em 2012 após fazer uma pausa e ocupar o cargo de premiê: o incentivo ao nacionalismo e ao patriotismo no país.

O presidente se aproximou mais da Igreja Ortodoxa e voltou a promover a Rússia como uma grande potência conquistadora e poderosa, assim como a antiga União Soviética. Além disso, ressuscitou a rejeição aos valores ocidentais entre a população, que ainda guardava resquícios patrióticos da era soviética. Através do populismo, Putin tornou-se o grande protetor da nação, que revive sua grandiosidade diante de adversários ocidentais.

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A anexação da península ucraniana da Crimeia à Federação Russa, por exemplo, e a interferência no conflito sírio são medidas que fazem parte da agenda nacionalista e que possuem a aprovação de grande parcela da população.

A imagem de Putin também é impulsionada pela imprensa local, controlada pelo Estado. As fontes de informação alternativas no país são pequenas e quase não possuem espaço, e a maioria dos russos se informa por meio da televisão, que pinta um cenário perfeito em relação à liderança do presidente.

Putin foi reeleito presidente em março, com 76,7% dos votos, quebrando o recorde de número de votos em uma eleição russa. A vitória esmagadora reforça sua posição na crise com os países ocidentais e garante sua permanência no poder até 2024.

Vida pessoal

Em 1980, Putin conheceu sua futura esposa, Lyudmila, que na época trabalhava como aeromoça. Os dois se casaram em 1983 e tiveram suas filhas: Maria e Yekaterina.

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Em 2013, após quase 30 anos de casamento, o casal anunciou o divórcio, sem dar muitas explicações ou motivos.

O presidente é cristão ortodoxo e frequenta a igreja em datas importantes e feriados. Costuma incentivar a construção e restauração de igrejas no país e o registro das organizações religiosas junto às autoridades locais para controle.

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